Os Heróis e o 11 de setembro (setembro 2002)

Mundo HQ

Homem-Aranha e outros heróis encaram o 11 de setembro
Edição Especial sobre o atentado chega ao Brasil

Quando os prédios do World Trade Center caíram, há um ano, muitos analistas de histórias em quadrinhos logo previram uma queda nas vendas das HQs de super-herói, afinal, a maior parte deles vive em Nova York nas histórias e o fato de não terem impedido o ataque terrorista tornaria a ficção difícil de engolir. Mas os analistas não contavam com a capacidade dos criadores de HQ em adaptarem-se às mais diversas situações. Capacidade que pode ser conferida aqui no Brasil na edição especial da revista Homem-Aranha sobre o 11 de Setembro, que chega hoje às bancas e lojas especializadas.

Publicada originalmente em dezembro de 2001 nos Estados Unidos, na revista Homem-Aranha 36, a história que chega agora ao Brasil esgotou em vendas nos Estados Unidos – detalhe: cada um dos mais de 200 mil exemplares custou US$ 19,95 e toda renda foi para um fundo de ajuda às vítimas.

A história, assinada por J. Michael Straczynski (Roteiro) e John Romita Jr. (desenhos) mostra os tradicionais super-heróis do universo Marvel, como o próprio Aranha e o incrível Hulk, ajudando no resgate dos feridos. E o foco principal não é nos super-heróis, mas nos considerados heróis de verdade: bombeiros, policiais, médicos e voluntários que ajudaram a salvar vidas no verdadeiro 11 de setembro.

A edição brasileira, vendida ao preço mais que acessível de R$ 2,50 (com 36 páginas coloridas e uma capa preta, em luto), traz ainda cinco páginas com um preview das novas histórias do Capitão América, que agora combate – adivinhe? – o terrorismo.

 

Vale ressaltar que o gibi do Aranha não foi o primeiro, nem o último, a explorar o filão do atentado terrorista, quer seja em forma de homenagem ou não. A própria Marvel já havia lançado pouco depois do atentado um livro-poster batizado de "Heroes", também com renda revertida para as vítimas do 11 de setembro.

A DC Comics contra-atacou com DC 9-11, uma revista contendo uma série de HQs pesadas, com roteiros de gente como Will Einer (The Spirit) e Neil Gaiman (Sandman). Entre as HQs desta edição, por enquanto sem previsão de lançamento no Brasil, está uma na qual o Super-Homem chora por não existir de verdade e, portanto, ter sio incapaz de impedir o atentado.

Na trilha do 11 de setembro também foi lançado um sucesso instantâneo, dias depois do choque dos aviões com o WTC: 9-11: Emergency Relief. A revista projetou a pouco conhecida editora Alternative Comics para o cenário nacional e ganhou até matéria na sisuda Times. Trata-se de uma HQ que mostra a vida de bombeiros e policiais, focada no 11 de setembro. Mais uma vez, as vendas foram para a caridade.

E a revista inspirou um lançamento similar também na Marvel, chamado The Call, no qual os personagens principais são integrantes da Polícia, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil.

 

O 11 de setembro de 2001 com certeza abalou o mundo e suas repercusões ainda estão longe de acabar. Mas, se no mundo real o atentado destruiu muitas vidas, no dos quadrinhos ele deu vida a muitas histórias, ainda que a maioria delas seja marcada pela triste realidade.

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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