Em 17 de fevereiro de 1936, o argumentista Lee Falk (que também criou o personagem Mandrake, o mágico) e o desenhista Ray Moore criaram para os jornais americanos a tira The Phantom (o Fantasma). O personagem deu projeção internacional a Lee Falk, que já era bem conhecido por Mandrake.
As tiras do espírito-que-anda, um dos apelidos do herói (cujo “verdadeiro” nome é Kit Walker ou “senhor Walker”), ganharam os jornais do mundo. No Brasil, o personagem chegou no começo dos anos de 1940, com o nome (que ninguém pergunte por quê) de “Fantasma Voador”.
O “voador”, no entanto, rapidamente caiu em desuso – por razões óbvias, já que nunca em sua vida o personagem voou, a não ser usando um avião ou helicóptero.
Ir das tiras para as revistas foi um passo rápido para o herói (que é considerado um dos primeiros mascarados dos quadrinhos, apesar de não ser super por não possuir poderes inumanos).
Ele também teve participação garantida em desenhos animados junto a outros aventureiros. Em 1996, o Fantasma também foi para o cinema, na pele do ator Billy Zane.
Lee Falk morreu em março de 1997 e as histórias do herói – que no Brasil, infelizmente, em geral são publicados em gibis de editoras pequenas com qualidade sofrível – pararam de ter argumentos inéditos.
Em anúncio nos Estados Unidos, no entanto, a distribuidora das tiras do personagem (King Features) anunciou que os roteiros foram retomados por outros argumentistas.
Enredo
Há 400 anos, o único sobrevivente de um ataque pirata foi parar nas costas da Índia, em uma floresta, após ver seu pai ser morto pelos piratas. Esse homem fez um juramento sobre a caveira de seu inimigo: “Devotarei minha vida a todas ao combate de todas as formas de pirataria, cobiça e crueldade. E meus descentes continuarão minha missão”.
Geração após geração, o filho mais velho faz o mesmo juramento e recebe o uniforme. E assim surgiu a lenda do Fantasma, o misterioso herói que defende as tribos de nativos – que pensam que ele é imortal – dos malfeitores e que combate o crime em todas as suas formas.
Acompanhado pelo lobo Capeto e o cavalo Herói, o Fantasma (ou espírito-que-anda) tem uma mira perfeita, é um investigador de primeira, com uma inteligência dificilmente superada, e é praticamente imbatível em combate.
Por sinal, o herói, cujo verdadeiro nome é Kit Walker, tem nas mãos o famoso anel da caveira, com o qual soca os criminosos deixando uma marca, em forma de um crânio humano, que só pode ser retirada por ele mesmo em um ritual secreto (detalhe: o anel teria sido dado a um dos fantasmas pelo famoso alquimista Paracelsus, que desenvolveu a “marca da caveira”).
O Fantasma tem ainda um outro anel, que usa bem menos, com uma marca de proteção. A maioria das histórias envolve histórias de criminosos que abusam da ingenuidade das tribos pacíficas próximas à Caverna da Caveira (que é protegida por mortíferos pigmeus), brigas entre as tribos, histórias detetivescas estilos noir (estas geralmente contam com a participação da namorada e depois esposa Diana Palmer) e até mesmo crimes e confrontos políticos em reinos e países pouco conhecidos.
Na cronologia oficial do Fantasma, o herói primeiro ganhou um sobrinho, Rex, cogitado para ser o próximo Fantasma, e acabou se casando com a namorada Diana (em 1977). Ela, por sua vez, engravidou e teve filhos gêmeos, pouco depois de se tornar delegada da ONU.
A vida em família fez o Fantasma se mudar para um castelo nas árvores da Floresta e as aventuras fora de casa rarearam um pouco – a não ser quando a família ia para a paradisíaca Ilha do Éden. Neste período, no entanto, os autores abusavam das “crônicas do Fantasma”, nas quais o “papai” espírito-que-anda contava aos filhos e ao sobrinho histórias dos fantasmas que o precederam.
Nos anos 90, uma editora americana chegou a lançar uma história com um Fantasma da nova geração, cheio de equipamentos modernosos, que seria Rex, o sobrinho do sr. Walker. A história, aparentemente, não agradou aos fãs.
Nos anos 2000 um novo Fantasma ganhou vida, pela editora estadunidense Dynamite, desta vez com desenhos do brasileiro Eduardo Ferigato.
Apesar de mostrar um herói bem mais violento que o tradicional, esta versão – na qual o Fantasma é o filho do herói que era casado com Diana Palmer, já adulto – mescla modernidade com os elementos clássicos do Fantasma original e parece ter agradado mais aos fãs.
Personagens
Além do Fantasma e de suas dezenas de antepassados que aparecem nas crônicas, os principais personagens são a namorada/esposa Diana; o sobrinho Rex; os filhos Kit e Heloise; o chefe e conselheiro Guran; o cavalo Herói e o lobo Capeto; a Patrulha da Selva; os presidentes Luanda e Luaga, além de índios de várias tribos, como os Wambesi.
Aliás, vale uma observação: originalmente o naufrágio foi na Índia, mas gradativamente a selva da história foi cada vez mais ficando parecida com a África.
Curiosidade: aquilo roxo
Muitos brasileiros se espantaram quando viram o filme do Fantasma feito para o cinema ou mesmo quando assistiram a desenhos animados do herói.
Afinal, com que direito mudaram a cor do uniforme do “espírito-que-anda” de vermelho para roxo?
Na realidade, no entanto, o uniforme do Fantasma sempre foi roxo na maioria dos países do mundo. É que quando o herói foi lançado por aqui as gráficas locais não dispunham de tecnologia para imprimir a cor roxa e, por isso, resolveram fazer o uniforme em vermelho.
Depois de muitos anos de publicação, houve uma tentativa das gráficas – já equipadas com aparelhagem moderna – para se mudar a cor para o roxo, mas os leitores protestaram, pois já estavam acostumados com o vermelho, e o uniforme do Sr. Walker continuou a ter a mesma cor na versão brasileira.
Outros países também tiveram problemas similares, gerando uniformes de cor diferentes do roxo. Ironicamente, Lee Falk planejou o Fantasma original com uniforme verde (” para sumir no meio da selva”), mas o pessoal da gráfica que publicou os primeiros quadrinhos coloridos trocou pelo roxo por achar que chamaria mais a atenção dos leitores.
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