Eles podem voar, ficar invisíveis, serem muito (mas muito mesmo) fortes ou até escutar o pensamento dos outros, mas nem por isso são diferentes de nós, humanos, quando o assunto é conviver com alguma deficiência – e seja ela física, auditiva, visual ou mental. Os super-heróis não são importantes apenas porque estimulam nossa imaginação, mas também são necessários para ensinar e porque despertam dentro da gente o sentimento de coragem.
Foi o que aconteceu recentemente, nos Estados Unidos, quando a editora Marvel – responsável por criar a maioria dos personagens – criou o Super Blue Ear, um herói que, para ouvir os pedidos de socorro e ajudar todo mundo, faz uso de um aparelho auditivo. Ele “nasceu” inspirado na história de um garoto de apenas quatro anos.
Tudo porque em um belo dia, o menino, chamado Anthony Smith, acordou decidido a não colocar mais seu aparelho auditivo alegando à mãe que os super-heróis não o usavam. Foi aí que Christina D’Alessandro teve uma ideia muito legal: ela escreveu para a Marvel pedindo ajuda para provar que o filho estava errado.
Como resposta, recebeu a primeira edição de “Os Vingadores da Costa Oeste”, de 1984, em que o Gavião Arqueiro, devido ao ataque de uma flecha supersônica em uma missão, perdia 80% de sua audição e passava a usar um aparelho auditivo também. O pessoal da Marvel, não contente, resolveu ainda homenagear Anthony, criando Blue Ear – nome pelo qual o menino se referia ao aparelho. O menino, feliz da vida, voltou a usar o aparelho.
Além de Blue Ear – que ainda não chegou ao Brasil – muitos outros heróis das histórias em quadrinhos (e que ficaram famosos posteriormente no cinema) são exemplos de superação, igualzinho às crianças que diariamente convivem com alguma deficiência. Pensando sobre o assunto, o Caderno Criança, com a ajuda do jornalista Djota Carvalho -autor do livro A Educação Está no Gibi e criador do sitewww.mundohq.com.br – , selecionou heróis pra lá de especiais da Marvel e da DC. Ele ainda lembrou de personagens bem bacanas da Turma da Mônica, do Maurício de Sousa. Saiba que são eles:
Demolidor – O Demolidor é o segundo herói cego da Marvel (o primeiro é o Doutor Meia-noite). Sua primeira aparição foi em 1964 – aqui no Brasil, em 1968. Ele perdeu a visão em consequência do acidente que, por outro lado, lhe deu poderes.
Charles Xavier – O professor Charles Xavier, de X-Men, ficou paraplégico em decorrência de batalhas contra vilões – nos filmes, Magneto causou a paralisia; nos quadrinhos foi primeiro um vilão chamado Lúcifer e depois (ele volta a andar por um período graças a tecnologia alienígena) um outro vilão chamado Mestre da Sombra.
Batgirl – A Oráculo (ex-Batgirl) também foi paraplégica até recentemente, mas no ano passado a editora do gibi reformulou todos os heróis e agora ela voltou a ser Batgirl sem nenhuma deficiência. O Batman também teve a coluna quebrada na série A Queda de Batman e ficou na cadeira de rodas por mais ou menos um ano.
Ciborgue – Victor "Ciborgue" Stone, dos Novos Titãs, era um atleta até se envolver em um acidente. O pai dele, um cientista genial, inventou partes mecânicas para substituir as partes do corpo que ele perdeu. Na reformulação dos "novos 52", o causador do acidente é o vilão Darkseid. Ciborgue está fazendo bastante sucesso nos EUA.
Marvel Junior –
Thor –
Misty Knight – Misty Knight é um ex-policial que perdeu o braço direito, amputado após um acidente heróico com uma bomba, e ganhou no lugar um implante biônico desenvolvido pelo Homem-de-Ferro.
Niles Caulder – O chefe da Patrulha do Destino (DC), professor Niles Caulder, é paraplégico, em decorrência de um acidente com uma bomba.
Crazy Jane – Na linha Vertigo, a mesma Patrulha tem uma personagem chamada Kay Challis que sofre de desordem de personalidade múltipla. A personalidade dominante chama-se Crazy Jane e dá nome à heroína que tem, ao todo, 64 persoalidades diferentes, cada uma delas com um poder distinto.
Há ainda um personagem da Marvel nos Estados Unidos chamado James Wa, que era um jogador de baseball que na faculdade sofre um acidente de carro provocado por um motorista embriagado. Ele desenvolve uma tecnologia de ponta e faz duas proteses, e passa a ser chamado de "Calamity"
TURMA DA MÔNICA
A turma da Mônica também tem personagens que servem de inspiração, mesmo que não sejam super-heróis. São eles: o Humberto (que é mudo), o Luca (que é tetraplégico), a Dorinha (cega), a Tati (que tem síndrome de down) e o André (que é autista). Juntos, eles divertem com os demais moradores do bairro do Limoeiro, onde se passa as aventuras da turminha comandada por Cebolinha, Cascão, Magali e Mônica.
BARBIE
A Mattel, fabricante da boneca Barbie, também tem sua contribuição quando falamos em inclusão de todos. Em 1997, com a intenção de criar uma nova amiga para Barbie, surgiu Smile Becky, que representava uma adolescente cadeirante, e que fez um mega sucesso. Tanto que, no ano seguinte, foi lançada uma nova versão,a Becky, Fotógrafa do Colégio (1998).
(matéria de Adriana Giachini, publicada originalmente no Caderno Correio Criança em 1º de setembro)
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