A Turma da Mônica melhor do que nunca: MSP (DE)MAIS 50!

Mundo HQ

 

 
Maurício de Sousa acaba de reescrever um velho ditado. Em se tratando de MSP50, a coletânea de histórias com personagens do pai da Mônica escritas e desenhadas por outros artistas, um foi pouco e o dois é demais. Explica-se: MSP50 artistas, lançado em 2009, foi um projeto revolucionário que deixou o leitor de boca aberta. Palavras como “obra-de-arte” e “maravilhoso” foram pouco para descrever a sensação de ver personagens tradicionais como Mônica, Horácio, Chico Bento e até Bugu e Capitão Feio nos traços – e ideias – de Laerte, Spacca, Angeli, Fábio Moon e Gabriel Bá, Orlandeli, Jean Galvão, Dalcio, Salimena, Yabu, Julia Bax e tantos outros. Pois passado um ano, novamente o leitor fica sem fôlego ao se deparar com a beleza incomparável de MSP+50 artistas, nova coletânea recém-lançada pela Maurício de Sousa Editora/Panini Books.
 
 
Incomparável até porque não se trata de continuação e seria injusto (e impossível) comparar o primeiro com o segundo livro. Neste MSP+50 artistas, como elucida o próprio nome, outras cinco dezenas de cartunistas receberam a oportunidade e a total liberdade de criação para, literalmente, pintarem e bordarem com os personagens do Walt Disney brasileiro. Com isso, apenas em uma coisa se repetiu, ainda que de maneira distinta: o resultado excepcional.
 
 
Bugu, no traço de Roger Cruz: Big Dog Brasil
“Muitos talentos ficaram de fora do primeiro livro e manifestaram abertamente o interesse de participar de um segundo álbum, então logo após o primeiro lançamento já comecei a rabiscar uma lista de candidatos”, conta Sidney Gusman, idealizador do projeto e responsável pelo planejamento editorial da Maurício de Sousa Produções. A linha guia do segundo livro, assim como a do primeiro, foi a de privilegiar a diversidade.
 
 
“Era preciso equilibrar o conteúdo, com artistas consagrados ou iniciantes que trabalhassem em diferentes estilos, como super-heróis, tiras, quadrinho europeu, terror ou humor. E que publicassem, no Brasil ou no exterior, em jornais, álbuns, revistas independentes, na Internet”, diz, destacando que artistas de 16 estados brasileiros estão em MSP+50.  Três destes artistas, por sinal, abrem o álbum com uma história diferenciada das demais, dividida em três partes.
 
 
Pipa descobre o amor e a autoestima ao lado de Zecão, no traço de Fernanda Chiella
Em “Sessão da tarde”, Mateus Santolouco, Rafael Albuquerque e Eduardo Medeiros relatam, cada um com seu traço, uma aventura deliciosa da turminha na qual os personagens principais se conhecem pela primeira vez –e aprontam muito – na escola.  Seguem-se a esta primeira HQ outras tantas e citar umas deixando outras de fora é uma injustiça a ser cometida no próximo parágrafo.
 
 
 
 
 
Há a histriônica participação de Bugu na casa do Big Dog Brasil (com roteiro e arte de Roger Cruz), o amor adulto e em sequência invertida de Cebola e Mônica (Rogério Vilela), a melancólica descoberta da piscina do bairrro feita por Cascão (André Kitagawa), a redescoberta das cores da infância feitapor um desanimado e jovem adulto Cebola (Mário Cau), a edificante aceitação de si mesma que Pipa faz ao descobrir o amor de Zecão (Fernanda Chiella), o terrir de Penadinho e companhia no traço delicioso de Danilo Beyruth, o Piteco que ajuda um amigo com o desejo da esposa grávida no desenho e humor únicos de Fábio Ciccone, o programa de auditório estilo Márcia que se propõe a debater os problemas psicológicos de Mônica e Cebolinha (Pablo Mayer), o simpático sorriso de platina
do
Franjinha de Marcelo Braga,  a alternância entre adultos em traço arrojado e crianças cativantes na imaginação de Cebolinha e Cascão disputando uma partida de futebol (Chico Zúlio), a lisérgica  aventura estilo Alice no País dos espelhos de Nicolosi e a reconfortante metáfora do bicho-papão na qual  Romahs envolve os Sousa, Mônica, Tina, Rolo, Capitão Feio… e há mais, muito mais.   
 
Cebolinha e Cascão de Chico Zulio: partidaça de futebol
MSP+50 tem 216 páginas  (formato de 19 x 27,5 cm, colorido, papel couchê) e pode ser encontrado a R$ 98 (capa dura) ou R$ 59 (cartonada). Vale cada centavo e, mais uma vez, deixa gosto de quero mais. Que vai ser atendido, claro: Sidney Gusman já informou em seu twitter que está selecionando novos autores para um terceiro livro, que não será a única novidade: um projeto futuro prevê graphic novels com os personagens, também produzidas por outros artistas brasileiros.
 
 
O Penadinho (e cia) de Danilo Beyruth (autor do Necronauta): terrir e traço inconfundível
 
 
 
Mario Cau e Caio Yo:  Campinas brilha mais uma vez em MSP+50
 
 
 
 
MSP50 teve em suas páginas uma engraçada charge com Chico Bento e Zé Lelé produzida pelo cartunista campineiro Dalcio Machado, do Correio Popular. Em MSP+50, mais uma vez Campinas está bem representada. A poética história “Para estar junto” é de autoria de Mário Cau, que criou roteiro e desenhos, e ainda contou com uma força de outro campineiro, Caio Yo, um dos vencedores do 1º Salão Internacional de Humor de Campinas, para colorir suas artes.
 
 
“O convite veio pelo Sidney Gusman, editor do livro. Ele me ligou num belo dia  e convidou. Foi uma coisa surreal. Até agora eu não sei se acredito que tudo isso realmente aconteceu. É fantástico”, diz Cau. Ele revela que uma conversa inicial com Gusman havia ocorrido em 2009 no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) de Belo Horizonte.
 
 
“Estávamos eu, ele, Ila Foz, Pablo Mayer e Diogo César conversando sobre o MSP50, o primeiro livro. Ele disse que eu e o Pablo estávamos na lista inicial, mas como era muito mais gente do que vaga, ele foi tendo que escolher e a gente não entrou. Só de saber isso já me senti honrado ao extremo. Fiquei com isso na cabeça um tempo, mas depois, parei de pensar. Logo veio o anúncio do segundo livro, que ia rolar, e o Rafael Grampá já era confirmado. Depois de um tempo veio aquele convite pelo telefone…”
 
 

Para Cau, a emoção de desenhar uma história para o Maurício é inexplicável. “Só vivendo pra saber… Foi um sonho de infância realizado”, diz.  Segundo Cau, a ideia paraa história “simplesmente veio” algumas semanas depois do convite. Uma vez transformada em roteiro, foi imediatamente enviada para Gusman. “Ele me ligou alguns minutos depois elogiando muito o roteiro e dizendo que tanto o Maurício quanto outro roteirista da Turminha tinham adorado.
 
 
Isso me fez ter mais energia ainda para continuar, já que não sou tão roteirista quanto sou desenhista. Mas achei que consegui o tom certo da história”, diz.
Sem revelar muito da HQ para manter o suspense a quem não leu, tom neste caso é a palavra certa. “Era a história que eu queria contar. Sobre ser adulto e as coisas perderem as cores e a graça quando crescemos. É um pedaço de vida onde o Cebolinha, meu personagem favorito, encontra um velho conhecido enquanto espera a namorada voltar da faculdade e percebe que a vida não preciso ser cinza. Adivinha quem é a namorada…?”, brinca.
 
(publicado em 12 de setembro de 2010)
 
 

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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