Ginga, substantivo feminino: modo característico de movimentar o corpo que pode denotar destreza, sensualidade, malícia etc; ação ligada à prática de capoeira, futebol, esportes em geral, dança, música… e à arte do cartunista Junião
Um desenho nas mãos e um sorriso aberto no rosto. Foi assim que conheci Junião nos corredores da hoje Rede Anhanguera de Comunicação – ele publicava no Diário do Povo, eu escrevia e rabiscava no Correio Popular – e é assim que sempre o vejo quando nos cruzamos nos corredores da vida. É fato que isso acontece cada vez menos desde que ele saiu de Campinas e se estabeleceu em São Paulo, mas basta visitar o site deste artista talentoso (www.juniao.com.br) para conferir que os desenhos continuam a sair de suas mãos em uma velocidade – e qualidade – incrível, e quando o celular rompe a distância da estrada, Junião nunca trava uma conversa sem contagiantes risadas.
Conhecer estas duas características de Antonio Carlos de Paula Junior – sim, é este o nome completo da fera – são fundamentais para entender o trabalho dele, no qual o bom humor é uma constante e o traço é inesquecível. Não que Junião deixe de ter a acidez necessária a uma boa charge ou coloque de lado a crítica contundente em seu trabalho, pelo contrário. Mas, diferentemente de muitos de seus contemporâneos, o traço do cartunista sempre faz rir ou ao menos sorrir, mesmo quando o tema é de se chorar…
E as charges, claro, não são a única arte do colecionador de prêmios Junião – o primeiro deles foi em um Salão em Amparo no distante ano de 1995; entre os mais recentes está um primeiro lugar no Salão Internacional de Porto Alegre e um Wladimir Herzog em 2011. Ele também faz caricaturas, cartazes, ilustrações (até pra livros infantis) e tem uma razoavelmente larga coleção de charges e ilustrações que estão entre as minhas favoritas, em homenagens ao nosso time do coração, a Macaca.
Junião também tem uma das tiras mais geniais que já tive o prazer de ler, “Dona Isaura”, que não faz parte desta exposição, mas que, com certeza, um dia o curador e artista plástico Fabiano Carriero também trará para a nossa gibiteca. Tem mais sobre Junião? Claro que tem. Em seus declarados 42 anos (dos quais metade de carreira), ele nunca parou de produzir.
Que o digam jornais e revistas que se beneficiaram de seu traço ao longo dos anos, como Veja, Superinteressante, Exame, Recreio, Globo Rural, Época, Bundas e tantas outras desde aquele primeiro trabalho publicado no Diário de Bauru, cidade onde, por sinal, se graduou em Artes Visuais na Unesp. E Junião também é músico, percussionista dos bons, mas esta é outra história… ou não? Afinal, além do bom humor e da arte, é impossível não ver nesta exposição A Ginga do Traço de Junião.
Dario DJota Carvalho
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