X-Men

Em setembro de 1963, Stan Lee idealizou um grupo que revolucionaria a história – e as vendas – da linha de heróis da Marvel. Com desenhos de Jack Kirby, Lee criou os mutantes (com “nome científico” de homo superior), seres humanos evoluídos e com poderes especiais. Originalmente um grupo de cinco adolescentes capitaneados pelo professor X (Charles Xavier), a equipe foi mudando com o passar do tempo, apresentando personagens novos com diferentes poderes, e tendo diversas configurações desde sua criação.

Com histórias em geral bem-roteirizadas e personagens bastante atraentes, os X-Men dispararam em vendas, reproduziram títulos, criaram diversos grupos e sub-grupos. Viagens no tempo e universos paralelos também abriram novas possibilidades de histórias. E, com tudo isso, os X-Men viraram desenhos animados, videogames, brinquedos intermináveis e filmes, que por sua vez também geraram uma série de produtos.

Segundo dizia Stan Lee, a ideia principal ao criar os X-Men era fazer uma história contra os preconceitos de qualquer tipo e espécie. Em especial, o criador dos heróis pensava em mostrar em uma HQ os problemas criados por “raças superiores” e “raças inferiores” temendo uma a outra e entrando em confronto por razões de puro medo e raiva.

“Queria criar histórias que lidassem com a inumanidade do homem com o próprio homem, o ódio racial, coisas a que me oponho, de maneira ativa. Então veio a ideia: sabemos que na natureza há mudanças, que plantas sofrem mutações, animais sofrem mutações. E se o homem sofresse mutações e, claro, porque os mutantes seriam diferentes eles seriam perseguidos, odiados pelo resto da humanidade. E, de alguma forma, poderíamos traçar um paralelo da relação entre mutantes e o resto da população, e minorias e o resto da população. Acho que deu certo, pois se tornaram nossa série mais popular e tem uma ligação muito forte com o gosto da humanidade em geral.”

Os X-Men chegaram ao Brasil em 1969, através da Editora GEP e, em uma época em que a televisão era recente, não existia sequer Internet e o inglês era para poucos, foram chamados por muito tempo pelo público nacional como ”xis men” em vez da pronúncia original “Éx men”.

Interessante ressaltar ainda que uma das táticas utilizadas pelos roteiristas para ampliar o público leitor foi a de criar personagens mutantes das mais diversas nacionalidades e há pelo menos um brasileiro entre eles: Roberto da Costa, o Mancha Solar. Em um dos muitos filmes em que os mutantes aparecem, o personagem foi, inclusive, interpretado por um ator brasileiro, o que despertou certa polêmica pelo intérprete não ser um homem negro, como é o personagem nas HQs.

Enredo

Fazendo um paralelo inicial com as mudanças da adolescência, Stan Lee criou cinco jovens mutantes que tinham poderes especiais e por isso eram temidos ou incompreendidos. Os cinco – Scott Summers (Ciclope), Warren Worthington III (Anjo), Jean Gray (Miss Marvel), Bobby Drake (Homem-de-Gelo) e Hank MacCoy (Fera) – passam por mudanças físicas e psíquicas com as quais não sabem lidar, até que são reunidos por um professor que tem as pernas paralisadas, Charles Xavier, que os ensina a lidar com seus poderes.

Xavier se revela também um mutante com grandes poderes telepáticos, conhecido como professor X, e explica que a raça humana está evoluindo e eles são o próximo passo: os “Homo Superior”, seres humanos que tem poderes especiais, habilidades fantásticas, graças a um gene identificado como fator X.

O problema é que o homem comum teme – em alguns casos com razão – os mutantes e há o perigo iminente de uma guerra racial. Cabe aos X-Men, então, mostrar para a humanidade que os mutantes não devem ser temidos, ao mesmo tempo em que tentam impedir que mutantes mais radicais, geralmente odiados e perseguidos por seus poderes, destruam a humanidade. Em suma, devem lutar para proteger um mundo que os teme e os odeia.

Conforme o tempo vai passando, novos mutantes são recebidos, protegidos e treinados pelo Instituto Xavier. Assim como outros tantos se unem ao lado que defende o uso da força e o extermínio da humanidade, em especial os capitaneados pelo poderoso Magneto.

No decorrer dos anos há ainda diversas mudanças de lado dos personagens, algumas mortes e – em diversos casos – ressureições. Também surgem ameaças cósmicas e há diversas HQs ou séries que lidam com viagens no tempo.

Personagens

Heróis e vilões mutantes nascem como praga – com o perdão do preconceito antimutante – nas revistas dos X-Men. O próprio grupo de heróis mudou várias vezes no decorrer dos tempos e continua sempre mudando. Para confirmar a atual configuração é bom dar um pulinho na página americana da Marvel (www.marvel.com). Alguns dos X-Men mais famosos, porém, são (ou foram):

WOLVERINE – Também conhecido como Logan, esse X-Man possui sentidos animais, um espetacular poder de cura, um esqueleto coberto por adamantium (metal mais duro do mundo) e garras fiadas. É um dos mais queridos do público e já ganhou diversos filmes solo, nos quais é interpretado pelo ator Hugh Jackman. Clique aqui para acessar a página do Quadrindex dedicada a ele.

TEMPESTADE – Ororo Munroe era a deusa das tempestades na África. Como X-Man, ela usa seu controle do clima para salvar humanos e mutantes. A personagem já se envolveu com Wolverine e chegou a ser casada com o Pantera Negra.

COLOSSUS O mutante russo Pietr Rasputin é a casa de força dos X-Men. Seu coração artístico é envolto pelo aço orgânico frio no qual ele se transforma. Na  primeira versão Millenium/Ultimate (2000), um título alternativo que “atualizou” as histórias para épocas mais recentes), Colossus é gay e é vítima de preconceito do amigo Noturno quando ele descobre o fato. Já no universo tradicional o personagem é hétero e já foi a grande paixão de Kitty (Lince Negra).

CICLOPE – Com o poder de soltar poderosos raios pelos olhos, que só controla graças a óculos ou visor de “quartzo-rubi”, Scott Summers é o senhor certinho nas histórias, a voz da consciência e ética dos companheiros que costuma liderar.

NOTURNO O alemão Kurt Wagner nasceu com a habilidade mutante de se teleportar a curtas distâncias (deixando para trás um rastro de enxofre), grudar em paredes e ficar virtualmente invisível em sombras escuras. Fisicamente, se parece com uma espécie de demônio, o que fez com que fosse perseguido quando criança e se tornasse uma aberração circense.

FÊNIX Codinome de Jean Grey, a primeira estudante do professor Xavier, que era originalmente conhecida como Garota Marvel e possui tanto poderes telepáticos quanto telecinéticos, o que dá a ela poder para mover objetos com a mente e ler pensamentos.

Chegou a ficar dividida entre o amor de Ciclope e Wolverine, mas nas HQs acabou se casando com o primeiro. Na verdade, a Fênix é (dependendo do roteirista de plantão) uma entidade cósmica que tomou conta da moça e ampliou seus poderes sobremaneira, tornando-se a terrível Fênix Negra, que chegou a matar milhares de pessoas e a morrer.

FERA – Um dos X-Men originais, Hank McCoy não apenas possui agilidade super-humana como também força, velocidade e vitalidade. É ainda um dos vingadores e um bioquímico reconhecido mundialmente. Em algumas histórias (infelizmente), seu visual simiesco ganhou uma cara mais felina ou que lembra a cara do fera (de A Bela & a Fera).

ANJO – Um dos estudantes originais do Professor X, Warren Worthington III divide seu tempo entre uma vida de playboy milionário e a vida de herói. O diferencial do moço é ter asas como as de um anjo, mas, em um período após o confronto com o vilão Apocalipse, ele ganhou pele azul e asas de metal.

BISHOP Refugiado de uma era futura, o X-Man Bishop ainda tenta achar explicações para o seu futuro e formas de evitá-lo.

VAMPIRA – A jovem é abençoada e amaldiçoada ao mesmo tempo por seu incrível poder: absorver memórias e poderes de todos a quem toca. Isso a obriga a manter distância das pessoas que ama, já que não controla seu poder.

GAMBIT – O misterioso e charmoso ladrão consegue bioenergizar pequenos objetos, causando explosões com eles.

ICEMAN (Homem de Gelo)- Outro dos X-Man original, Bobby Drake tem o poder de gerar gelo em volta de sua pele e praticamente criar camadas e blocos de gelo em todos os lugares.

LINCE NEGRA Kitty Pride pode deixar seu corpo intangível e caminhar no ar. Foi treinada em artes marciais por Wolverine e é tremendamente inteligente.

CABLE – Infetado com um vírus techno-orgânico quando bebê por Apocalypse, Nathan Dayspring Summers foi enviado para o futuro por seu pai, Scott “Ciclope” Summers, com esperança de uma cura. Ele retornou ao presente para enfrentar Apocalypse e desde então se uniu aos X-Men.

Vale lembrar também alguns dos chamativos vilões da série, como Magneto (mestre do magnetismo e na maior parte do tempo terrorista disposto a guerrear com a humanidade para que só restem os homo superior); Apocalypse (um monstro que quase destrui os X-Men e a humanidade); Dentes-de-Sabre (uma espécie de Wolverine mais bombado e um dos soldados da irmandade de magneto); Mística (mãe de Noturno e capaz de mudar sua aparência para a de quem quer que deseje); e os robôs Sentinela, programados para destruir mutantes, estão entre eles. Ah, sim, lembrando que muitos vilões e heróis mudam de lado nas HQs em diferentes épocas.

Curiosidade: X-Gatas

Não é de hoje que muitos fãs têm sonhos ardentes com muitas das moças que integram os X-Men – chamadas popularmente por eles e até dentro de algumas histórias como X-Babes (algo do gênero X-Gatas). Pois a Marvel, em parceria com a Panini italiana, deu aos fãs mais motivos para babar: uma HQ focada nas moçoilas e desenhada por ninguém menos que o gênio do quadrinho erótico Milo Manara. E, não custa lembrar, com roteiro de Chris Claremont, autor de uma série de HQs mutantes consideradas como as melhores por boa parte dos leitores.

Batizada de X-Men: Gals On The Run (ou Ragazze in fuga, em italiano), a HQ original tem 64 páginas – 48 delas em preto e branco) – nas quais um inimigo misterioso rouba os poderes de Tempestade, Vampira, Psylocke, Kitty Pryde, Sage, Garota Marvel (Rachel) e Emma Frost. Os cenários incluem as Ilhas Gregas e Madripoor e a obra foi publicada no Brasil em 2010, com o nome X-Men: garotas em fuga.

 

 

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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