Scooby Doo, cadê você? Tá comemorando 40 anos, meu filho!

O cão gigante dinamarquês Scoobert Doo, mais conhecido como Scooby, comemora 40 anos de existência neste 13 de setembro de 2009. O que, em idade de cachorro dá… melhor deixar para lá. O fato é que já fazem quatro décadas que o primeiro vilão disfarçado de fantasma disparou a clássica frase: “Eu teria conseguido, se não fossem esses garotos enxeridos e o seu cachorro!”

Foi em um longinquo ano de 1969 que as crianças e adultos que assistiam à rede CBS viram pela primeira vez a colorida perua apelidada de Máquina do Mistério, pilotada pelo almofadinha Fred Rogers e trazendo à bordo a patricinha Daphne Blake, a intelectualóide Velma Dinkley e o engraçadíssimo e esfomeado Shaggy “Salsicha” Rogers, todos vestindo roupas super na moda…pra época , é claro.
 
 E qual não foi a surpresa da garotada quando descobriu que o cachorro do rapaz magricela falava – e era ainda mais engraçado que ele. Aliás, giga-se de passagem, no Brasil a fala de Scooby, o melhor dizendo, a voz do cachorro e a de Salsicha foram fundamentais para a popularização do desenho. A dublagem caprichada feita por, respectivamente, Orlando Drummond e Mário Monjardim, tornaram-se tão ou mais conheidas que a imagem do desenho em si.
 
Basta assistir uma vez para se lembrar por um longo tempo da voz esganiçada em estilo caipira dada a Salsicha ou do timbre mais grosso de Scooby berrando “Socorro, Salsicha!”. Drummond, aliás, é famoso por criar vozes inesquecíveis para dublagem: entre outras são do ator/dublador – que se popularizou como “seu Peru” da Escolinha do Professor Raimundo, as vozes brasileiras de Popeye, Alf o Eteimoso e Vingador, da caverna do Dragão. Monjardim, por sua vez, tem no currículo Pernalonga, Capitão Caverna e Frangolino.
 
Os dois dubladores também fazem as vozes nos filmes já lançados de Scooby, além de em todos os desenhos. E não foram poucos, já que praticamente todas as animações passaram no Brasil, em TV aberta ou fechada. Scooby e companhia foram criados pela Willian Hanna e Joseph Barbera, com uma grande mãozinha do produtor executivo Fred Silverman. Foi ele, inclusive, que mudou o nome inicial do desenho, que deveria se chamar “Who is s-s-s-scared?” (Quem está a-a-a-assustado?) para “Scooby Doo, Where Are You?!”
 
A inspiração do novo nome se tornou lenda: o produtor ouviu durante um vôo a música Strangers in the Night, na voz de Frank Sinatra, e encasquetou com a frase final da interpretação: o cantor murmura algo como “scobydoo bee doo, la la la la la”. Silver resolveu que o cão se chamaria Scooby Doo e não mudou só o nome do desenho, mas também seu teor: o dinamarquês seria o personagem principal e não os garotos;e a linha original que previa mais terror lúgubre foi substituída por muito humore um mistério leve.
 
Com roteiros elaborados por Ken Spears e Joe Ruby (dupla responsável também pelas histórias de Thundarr, o Bárbaro e Os Apuros de Penélope Charmosa) e desenhos de Iwao Takamoto, a série inicial teve duas temporadas e um total de 25 episódios (de 1969 a 1971), que podem ser encontrados em DVD. O sucesso foi tanto que a gangue serviram de inspiração para outros desenhos da própria Hannah Barbera, como As Panterinhas, Shmoo, Fantasminha Legal e Bicudo, o Lobisomem. Nenhum, claro, fez tanto sucesso como Scooby.
 
Já ciente que ninguém ultrapassaria a popularidade de Scooby, a produtora lançou em 1972 de The New Scooby Doo Movies. No novo formato, que muitos brasileiros devem se lembrar bem, a trupe do mistério encontram estrelas do mundo pop e outros personagens Hanna-Barbera.Entre outros, pasaram por ali os Globetrotters, Sonny e Cher, Dick Van Dyke, os Três Patetas, a Família Adams, Batman e Robin, o Gordo e o Magro, Jeannie e Babu e vários outros. Na versão em inglês, os astros da vida real emprestavam suas vozes à versão desenho – uma ideia que Os Simpsons voltaria a tornar popular décadas depois. Estes episódios chegaram ao fim em 1974 e por um ano a CBS repetiu os melhores desde a temporada inicial.
 
Em 1976, Scooby voltou em um matutino: The Scooby-Doo/Dynomutt Show, que alternava animações da turma da Máquina do Mistério com as de um novo (e hilário) cachorro: Dinamite, o Bionicão (e o herói Falcão Azul). Nesta série, que durou um ano, apareceram dois “primos” de Scooby: o marcha-lenta Scooby-Dão (Scooby-Dum) e a linda Scooby-Dee.
 
De 1977 a meados dos anosm80, Scooby se uniu a outros personagens da Hanna-Barbera em Os Ho-Ho-Límpicos (Scooby´s All Star Laff-A-Lympics). Todos os personagens eram divididos em três equipes – Scooby pertencia à equipe dos "Assombrados" – e disputavam competições esportivas engraçadas. Vale lembrar que em 1979 outro personagem foi colocado na “família” do cachorro: o irritante Scooby Loo (Scrappy-Doo). O cachorrinho era menor, mais corajoso (e burro), e também mais humanizado: falava muito mais e andava sobre as patas de trás, constantemente usando as da frente como mãos.
 
Essa fase, considerada uma das menos empolgantes pelos fãs brasileiros, aparentemente agradou lá fora, tanto que durou por quase toda a década de 80. Mas, em 1988, aderindo a mania de transformar personagens em bebês, a Hanna-Barbera lançou O Pequeno Scooby-Doo ("A Pup Named Scooby-Doo"). Em versão infantil, Fred foi o que mais se destacou: do moço inteligente que geralmente descobria os mistérios, passou a ser um menino mimado que queria colocar a culpa de tudo em um garotinho ruivo de quem não gostava.
 
Em 2003, nova mudança, desta vez sob a tutela da Warner Bros: O que há de novo Scooby Doo? (What’s New Scooby Doo?). traz episódios inéditos seguindo a velha fórmula de desvendar mistérios, mas com a ajuda da Internet. Mas se continuava a ter medo de fantasmas, pelo jeito scooby não tinha receio de mudar: em 2007, apesar da série O que há de novo ter obtido boas críticas, o cartoon Network promoveu uma alteração mais radical ao lançar Salsicha e Scooby Atrás das Pistas (Shaggy and Scooby Doo Get a Clue).
 
Com um traço estilo animê (desenho animado japonês) e com participações apenas eventuais de Fred, Daphne e Velma, a dupla Salsicha e Scooby atua sozinha para ajudar o tio Albert Shaggleford contra o vilão Dr. Phybes. Detalhe: ao contrário das outras séries, essa segue uma seqüência cronológica.
 
Com traço tradicional ou não, Scooby Doo completou quatro décadas de sucesso absoluto. Uma carreira de sucesso que inspirou também quadrinhos, videogames e filmes, além de lendas absurdas – como a deque salsicha seria consumidor de drogas e por isso ouvia seu cachorro falar e via fantasmas – e até mesmo insinuações e desenhos digamos, nada cristãos, sobre a suposta intimidade dos personagens.
 
Aliás, o primeiro filme faz graça com isso, ao mostrar a Máquina do Mistério ao longe, com fumaça saindo ao som de Bob Marley e, na cena seguinte, revelar que Scooby e Salsicha faziam um inocente churrasquinho no furgão. Uma cena que insinuava uma paixão de Velma por Daphne também foi feita, mas foi cortada do telão e virou extra no DVD.
 
Independentemente das lendas e brincadeiras, descartadas pequenas mudanças no traço ou no roteiro, Scooby Doo é sem dúvida um dos cachorros mais populares em todo mundo e sua longevidade é prova disso. Nada mal para um personagem que sequer deveria ser a estrela de seu próprio desenho e só ganhou nome graças a uma frase sem nexo balbuciada em uma canção.
 

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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