Samurai cruel ou Ronin bonzinho?
por Takanobu Sama *
Um sanguinário samurai ou um sujeito de alma delicada dedicado a fazer o bem? Ambos, se estamos falando do personagem principal de Samurai X, mangá que chega às bancas brasileiras ainda este mês – pelo menos é o que promete a editora JBC (Japan Brasil Communications).
Samurai X surgiu em 1994 na revista Shonen Jump, criado por Watsuki Nobuhiro. O autor estava lendo livros na época sobre o período de shogunato no Japão e resolveu criar uma HQ baseada no que estava lendo. Inicialmente a história seria publicada em apenas 10 exemplares da revista, mas a aceitação do público foi tão grande que acabaram sendo criados 255 capítulos – para não mencionar que, claro, o mangá virou também desenho animado (anime), no Brasil exibido pela Cartoon e eventualmente pela Globo.
O nome original do mangá (e do anime) é Rurouni Kenshin. Samurai X foi o nome dado aqui na América Latina, por causa da cicatriz no rosto do personagem. A revista que será lançada pela JBC promete contar a história do mangá desde o começo – por sinal, como sempre acontece, há diferenças entre a história dos quadrinhos e a do anime. A históia começa no ano décimo do período Meiji (mais ou menos m meados de 1850, 1860), quando o Japão começa a passar por uma série de guerras contra o sistema (feudal) vigente, do shogunato.
Nosso herói nasce em 1851, com o nome de Shinta. Seus pais, fazendeiros, morrem de Cólera quando ele ainda tem oito anos. Ele é adotado por um tutor, mas testemunha a morte deste e de suas três filhas nas mãos de bandidos. Salvo por um mestre (Hiko Seijurou), o garoto impressiona ao cavar sepulturas para o tutor, as irmas e os ladrões, a quem jura matar. Hiko, impressionado, o adota sob o nome de Kenshin – no Japão dos samurais era comum os guerreiros mudarem de nome quando "renasciam para uma nova vida" – e passa a treiná-lo como um grande guerreiro samurai.
Aos 14 anos, porém, o garoto se revolta com o sistema japonês e, cansado de ver gente humilde morrendo, abandona a casa de Hiko e se une às armadas contra os shoguns. Kenshin se torna um guerreiro frio e sanguinário e, por matar centenas de inimigos com uma crueldade inigualável, recebe o apelido de Hitokiri Battousai (que pode ser traduzido como "lâmina carniceira", "espada assassina" e outros similares).
Depois da vitória (e da famosa cicatriz), Kenshin se torna um ronin (samurai sem mestre) e, arrependido pelas vidas que tomou, troca a mortífera arma por uma espada de fio invertido e passa a praticar o bem pelo Japão, disposto a se redimir das mortes que causou. Constantemente, porém, seu passado volta à tona.
A luta do samurai cruel que se transforma em um homem extremamente bom e avesso à violência – ainda que seja obrigado a usá-la às vezes – é justamente o que faz o mangá atraente para o leitor. Kenshin chega a ser por vezes um personagem afeminado, de tão gentil e educado. De outras, porém, deixa seu lado sanguinário vir à tona e aí coitado de quem estiver por perto.
Os exemplares brasileiros – 56 volumes, ao todo – terão cerca de 100 páginas e o preço ainda não foi definido.
Para quem quer saber mais sobre o personagem, uma rápida pesquisa na Internet revela várias páginas em espanhol e até algumas brasileiras. Entre elas, vale checar a Central RK, que além de imagens e fichas de personagens tem um belo capítulo sobre a história do Japão, que ajuda a entender a vida e as agruras do Samurai X.
* Taka Sama é tem uma espada de cabo invertido, que usa para dar na cabeça de quem não gosta de mangás e animes
Comentar