Quarteto 2: pouca coisa de fantástico
Rodrigo de Moraes
DA AGÊNCIA ANHANGÜERA
especial para o Mundo HQ
rodrigo@rac.com.br
Se a primeira adaptação para as telas da trupe de super-heróis de Stan Lee – Quarteto Fantástico (2005) – tinha seus méritos ao explorar os conflitos de quatro pessoas comuns repentinamente transformadas em seres com poderes sobre-humanos, a seqüência Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado confia demais em convenções para contar uma história cujo protagonista é, por natureza, anticonvencional.
O Surfista Prateado surgiu nos quadrinhos da Marvel como coadjuvante dos “fantásticos” em 1966, e depois ganhou série própria. Ele é um ser chamado Norrin Radd, que acabou sacrificando a própria existência para servir a Galactus e, em troca, salvar seu planeta e a mulher que amava.
Galactus é uma forma de energia que devasta tudo que encontra pela frente e, adivinhem, a Terra está no cardápio. Ao resignado surfista, que não tem nada contra a humanidade, cabe a tarefa de anunciar e preparar o cataclisma. Ele começa a provocar uma série de alterações climáticas no planeta (neve no Egito, por exemplo) e a abrir crateras gigantescas aqui e acolá. E isso não é nada perto do que está por vir.
Enquanto isso, em Nova York, Reed Richards/Sr. Fantástico (Ioan Gruffud) e Sue Storm/Mulher Invisível (Jessica Alba) estão às voltas com os preparativos casamento, que inevitavelmente vai ser tumultuado pela ameaça que vem do espaço.
Além disso, o vilão Dr. Destino (Julian McMahon, de Nip/Tuck), antigo colega do quarteto que se voltou para o mal consegue se libertar do confinamento e quer que lhe dêem uma “segunda chance” — o que acontece com a entrada em cena do austero (e imprudente) General Hager (Andre Braugher). Será que eles vão conseguir salvar o planeta?
O desenrolar é típico de uma história em quadrinhos “de massa” como algumas da própria Marvel ou de animações infanto-juvenis para a TV como A Liga da Justiça.
Exemplo da seqüência em que salvam o dia dos londrinos ao evitar que o London Eye (aquela roda gigante panorâmica) colapse, ou que um helicóptero desgovernado faça picadinho dos convidados da festa de casamento (em meio a tanto caos e destruição, a única cena marcada pela crueza é aquela em que o General encontra o fim).
O Surfista Prateado, enfim, acaba sendo o maior atrativo da produção, porque é o único em que reside alguma espécie de ambigüidade, de conflito moral (esse não é caso de Dr. Destino, que é dissimulado). E olha que ele é dublado por Laurence Fishburne e criado com computação gráfica a partir dos movimentos do ator Doug Jones (que deu vida às criaturas de O Labirinto do Fauno, de Guillermo Del Toro).
O consolo é que restam algumas boas gags, principalmente aquelas protagonizadas pelo egocêntrico Johnny Storm/Tocha Humana (Chris Evans) e suas eternas rusgas com Ben Grimm/O Coisa (Michael Chiklis).
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