Em 1927, Walt Disney e o ilustrador Ub Iwerks precisavam de um novo produto para substituir a série Alice Comedies, primeiro sucesso do Disney Bros. Studios (que viria a se transformar no Walt Disney Studios). Assim surgiu Oswald, the lucky rabbit, série estrelada por um coelho que, não à toa, se assemelha bastante a um certo ratinho, se forem substituídas as orelhas…
Os primeiros desenhos de Oswald – que ganhou o codinome “coelho sortudo” dos criadores sob a alegação de que, bem, pés de coelho dão sorte e ele tinha dois – não agradaram muito nem ao público nem à distribuidora da animação.
Como o próprio Disney admitiu, a ideia inicial apresentava um Oswald um pouco mais velho e mal-humorado, enquanto o público queria um personagem mais novo, divertido, cheio de energia. Assim, o projeto voltou para a prancheta de Iwerks e mudanças foram feitas, inclusive no visual das orelhas, que ficaram mais curtas e arredondadas.
Em termos de personalidade, o “novo Oswald” era uma espécie de protótipo do que viriam a ser as primeiras encarnações de Mickey Mouse: travesso, ainda que bem-intencionado, inventivo, aventureiro e quase sempre se metendo em problemas dos quais saia com uma certa dose de astúcia e inteligência.
O público gostou e os estúdios Disney produziram 26 curtas com o personagem. Tudo ia bem até 1928 quando, em virtude de um contrato mal assinado com a Universal Studios, Disney acabou perdendo os direitos do personagem. A briga ocorreu porque Charles Mintz, o distribuidor dos desenhos, quis abaixar os custos dos filmes e Walt Disney não concordou. E, graças a um acordo não lido com atenção, Oswald passou para as mãos de Mintz e da Universal.
Disney seguiu seu caminho e, diz a lenda, “se sentindo um rato” acabou criando Mickey Mouse. Oswald também seguiu em frente, mas nas mãos da Universal. Ali, acabou passando das mãos de Mintz para Walter Lanrz (amplamente conhecido como o criador do Picapau) e se transformou em uma verdadeira metamorfose ambulante.
De 1928 a 1934, teve o traço mais arredondado e infantilizado, adquirindo um aspecto mais fofinho, por meio da dupla Walter Lantz e Bill Nolan. De 1935 em diante, o personagem foi radicalmente mudado, primeiro para um aspecto mais parecido com o de um coelho de verdade, depois para um visual totalmente diferente do original, se transformando eventualmente num coelhinho marrom.
Foram mais de 150 desenhos até 1943. Um ano antes, porém, também estreou nos quadrinhos. O personagem “Coelho Osvaldo”, como inclusive ficou conhecido nos gibis do Brasil (já não era mais “sortudo”) fazia parte da “Turma do Andy Panda” e suas histórias eram bem modorrentas. Em boa parte delas, inclusive, era um tio chato de dois coelhinhos iguais a ele (na mesma onda dos sobrinhos de Mickey, Chiquinho e Francisquinho).
Passando por um período de ostracismo, Oswald foi quase esquecido. Até que, em 2006, cumprindo uma antiga promessa feita à uma das filhas de Walt Disney, o CEO da empresa, Bob Iger, fez um acordo com a NBC Universal e recuperou o controle do personagem de Oswald. Em troca de uma série de ativos da Universal, incluindo os direitos do coelho sortudo, a Disney liberou a migração do apresentador esportivo Al Michaels da ABC e da ESPN para a NBC Sports.
A Universal manteve os direitos de tudo o que foi produzido nas décadas em que produziu o personagem, mas a partir dali a Disney poderia fazer o que quisesse com ele. A casa do Mickey, então, colocou as mãos à obra. Voltou a reformular o visual de Oswald, inspirando-se nos do final dos anos 20 e início dos 30, esquecendo-se completamente do “coelho Osvaldo”.
Voltaram para a história oficial do coelho personagens clássicos e ele até foi oficializado como “meio-irmão” de Mickey Mouse. Produtos de merchandising foram criados para vender nos parques da Disney, onde Oswald também começou a fazer aparições ao lado de personagens tradicionais.
E, em 2010, o personagem voltou com força aos holofotes com o videogame – transformado também em história em quadrinhos – Epic Mickey. No enredo do jogo, fazendo alusão ao mundo real, Oswald se sentiu abandonado e esquecido pelos personagens Disney e, dando vazão a um grande sentimento de inveja, acaba sendo uma espécie de vilão do game – no qual o usuário joga com Mickey.
O sucesso foi tanto que Oswald coestrelou dois jogos subsequentes, Epic Mickey 2: The Power of Two e Epic Mickey: Power of Illusion, desta vez como parceiro do ratinho e opção para o jogador brincar.
Oswald também voltou a participar de desenhos. A primeira nova aparição em uma produção de animação da Disney (em 85 anos!) foi no curta Get a Horse!, de 2013. Oswald também foi o tema do longa-metragem de 2015, Walt before Mickey, e apareceu como um morador da cidade em Disney Infinity 2.0.
Em 2019, foi anunciada que uma série animada estrelada por Oswald estava em desenvolvimento para a Disney+, mas em dezembro de 2021 o projeto foi cancelado – em virtude de problemas entre a equipe de criação e questões financeiras.
Oswald, porém, continua fazendo sucesso e participações especiais em games, HQs, desenhos animados e brinquedos e produtos diversos da marca Disney.
Enredo
Oswald é um coelho inteligente, que vive se metendo em aventuras bem-humoradas nas quais nem sempre se dá bem no começo, mas para as quais sempre acha soluções. Nas atualizações do personagem, ele vive na cidade de Wasteland, com diversos outros personagens, e constantemente “visita” os habitantes do universo de Mickey e companhia.
Personagens
Francine “Fanny” Cottontail – A coelhinha foi o primeiro interesse amoroso de Oswald, e tinha um aspecto mais feminino, muitas vezes mais adulto. Acabou sendo deixada de lado.
Ortensia – A gatinha substituiu Franny no coração de Oswald, de maneira definitiva: os dois inclusive se casaram.
Homer – Irmão de Ortensia, vive se metenbdo em encrencas.
Peg Legged Pete – Sim, estamos falando de João Bafo de Onça! O vilão surgiu nas animações de Alice, aquelas feitas por Disney antes de Oswald, como um urso. Depois, transformado em gato, migrou para os desenhos de Oswald e, quando Disney perdeu os direitos do coelho, foi atazanar Mickey.
Mad Doctor – O outro vilão do núcleo de Oswald, bastante conhecido nos videogames. Mestre de tecnologia e enganador nato, já posou de bonzinho, e Mickey e Oswald acreditaram nele.
Curiosidade: mais de 400 filhos!!!
Oswald e Ortensia não só se casaram como tiveram filhos. Ainda que a mãe seja uma gata, todos os filhos nasceram coelhos. E apesar de ambos os pais serem pretos, a prole, chamada genericamente de “bunny children”, é toda azul. São, ao todo, acredite se quiser, 420 crianças!
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