Com grandes poderes vêm…
encrenca da grossa!
Três vilões de uma vez, relacionamento amoroso instável, problemas de ego e tudo (às vezes literalmente) desmoronando na vida de Peter Parker, com ou sem máscara. Ainda que muita gente esteja afirmando que Homem-Aranha 3 (estréia na sexta-feira, 4 de maio) não é o melhor da trilogia, o filme com certeza segue a risca a fórmula do personagem criado em 1962: desgraça pouca é bobagem na vida do herói, mas ainda assim é preciso tentar fazer o melhor, afinal, “ com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”.
O herói começa este terceiro filme mais habituado aos poderes e aventuras do Aranha, o que não impede que logo de cara ele se veja em maus lençóis ao enfrentar uma nova versão do Duende Verde, ninguém menos que seu ex-amigo Harry Osborn. Filho do duende original, o psicótico Harry culpa Parker/Aranha pela morte do pai e, com “equipamento duendístico” aprimorado, dá trabalho ao Aranha em uma bela batalha pelos céus de Nova York. Um detalhe para os fãs de HQ: originalmente, Harry deveria ser aqui o Duende Macabro dos quadrinhos.
No entanto, o diretor Sam Raimi optou por um visual/vilão já apelidado de “Duende Verde Jr”.
Na seqüência, os espectadores entram no que deveria ser a nada mole vida do adolescente Peter Parker: o fotógrafo concorrente (e desleal) Eddie Brock atrapalhando sua vida profissional, uma crise de relacionamento com Mary Jane (ela mesmo em crise pessoal), as preocupações de sempre com Tia May, mas…espere aí.
Em vez do angustiado e preocupado Peter de sempre, o adolescente soberbamente interpretado por Tobey Maguire parece nem estar prestando muita atenção ao que acontece em sua volta. Na verdade, pela primeira vez o Aranha aparentemente está mais preocupado com si mesmo, com a fama e com a atenção que desperta em uma certa Gwen Stacy. Será que com grandes poderes vêm também um grande ego?
Ledo engano, trata-se, claro, da influência de um misterioso uniforme preto que, já sabem não só os fãs como qualquer um que viu os trailers, trata-se de Venom, um alienígena parasita que escolhe Parker como hospedeiro. O “uniforme vivo” traz vantagens ao herói: o torna mais forte, mais ágil, evita a necessidade de se trocar (imita qualquer aparência). Mas o torna mais agressivo, violento e egoísta.
Quando percebe a influência nefasta e se livra do uniforme (também como já sabem 99% da humanidade), o parasita se une a Eddie Brock, gerando um novo vilão.
E (já dissemos que desgraça pouca é bobagem?), o Aranha terá de enfrentar ainda o Homem Areia, o bandido que supostamente matou Tio Ben, agora transformado em um mutante que pode transformar o corpo em areia e moldá-lo como quiser.
O Homem Areia, por sinal, é um dos pontos altos do filme. Não só pelos efeitos especiais (neste quesito, Venom rouba a cena), mas pela história do personagem: um sujeito que não é realmente mal, mas sim uma vítima das circunstâncias e de uma série de passos errados. Interpretado por Thomas Haden Church (o ótimo ator de Sideways), este vilão é em muitas formas o contraponto do Aranha e, vale lembrar, nos quadrinhos acabou se regenerando.
Por fim, o bom humor do Aranha mais uma vez está presente. Apontada como uma das características que mais atraem o público de todas as idades, a mania de Parker de fazer gracinhas nos piores momentos, como forma de defesa ou não, aparece na película alternando os bons e péssimos momentos de sua vida. Se bem que o mais engraçado mesmo é o desajeitado Maguire em uma seqüência que usa um clássico de James Brown…
Com tudo isso de bom, porque muita gente está dizendo que não é o melhor dos três filmes? Primeiro porque há quem reclame de muitos subplots, isso é, historinhas paralelas no roteiro.
Segundo porque há quem tenha ficado mal acostumado com os dois primeiros, que vieram em uma escala crescente, e esperavam deste algo muito melhor que os anteriores. Não é muito melhor, mas com certeza Spiderman 3 é muito bom e merece ser visto.
Haverá um quarto filme? Difícil dizer. Muita gente diz que sim e até se especula que Peter Jackson (de O Senhor dos Anéis e King Kong) o dirigiria, já que Raimi estaria interessado em transpor O Hobbit, outra obra prima de Tolkien, para a telona – numa troca esdrúxula de papéis entre os diretores. Mas a verdade é que ninguém sabe e pouco importa: o negócio, agora, é curtir esse ótimo terceiro filme.
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