Mutarelli, argumento limpo e desenho sujo

Mundo HQ

Lourenço Mutarelli nasceu em abril de 1964, em São paulo (Capital), no seio de uma família de tradição policial. O pai era delegado de polícia, caminho também trilhado pelo irmão, e até mesmoa avó trabalhava na instituição. Mutarelli, porém, resolveu dedicar-se às artes e em 1983 formous-e na Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Naquele mesmo ano, começou a trabalhar nos estúdios de Maurício de Souza, onde permaneceu até 1987.
Em 1988, lançou seu primeiro fanzine, Over-12, e uma HQ na extinta revista Animal. No ano seguinte publicou o segundo zine, Solúvel, e passou a colaborar em várias revistas (Astronauta, Porrada Especial e Pau-Brasil), além de se tornar co-editor da revista Tralha, ao lado de Marcatti e Glauco Mattoso (este último é até hoje meio "guru" de Mutarelli, que o homenageou criando um personagem com a sua cara no álbum O Rei do Crime, que lançou recentemente).
Em 1990 virou colaborador da revista Mil Perigos e em 1991 lançou sua primeira Graphic Novel, Transubstanciação. A obra tornou Mutarelli conhecido nacionalmente e lhe rendeu os prêmios HQMix, Angelo Agostini e "Melhor HQ do Biênio"na I Bienal Internacional de Quadrinhos do Rio de Janeiro.
Em 1993 veio a continuaçào de Transubstanciação, com o álbum Desgraçados (que lhe rendeu novo prêmio HQMix). Em 94 arrebatou mais uma HQ com Eu Te Amo Lucimar, álbum que Mutarelli criou inspirado pela esposa. Em 1997 foi a vez de lançar A Confluência da Forquilha (mais um HQMix e um prêmio Nova) e, em 1998, Seqüelas (adivinhe? Mais um HQMix).

Personagem Fixo

Em 1999, Mutarelli lançou o álbum O Dobro de Cinco. Mais uma vez, ganhou os prêmios HQMix – melhor desenhista e melhor álbum – e Angelo Agostini. Na entrega do HQMix, no entanto, fez questão de destacar que estava muito feliz porque o prêmio melhor álbum reconhecia também o argumento da HQ, por sinal excelente. "Prefiro as premiações que valorizam o roteiro porque desenhar para mim é uma coisa natural. e meus desenhos não são muito bonitos, são sujos. Não é um clássico, acho que não merecia prêmio de desenho", diz, com modéstia. Na realidade, o desenho do quadrinista se caracteriza mesmo por ter um traço ‘sujo’ e diversas vezes pesado em exagero. No entanto, isso não torna o desenho ruim e acaba ressaltando sua argumentação muitas vezes excepcional.
Também em O Dobro de Cinco surgiu o primeiro personagem fixo de Mutarelli, o detetive Diomedes. mistura de Charlie Chan e José Lewgoy (acima). "Meus personagens sempre morriam nos finais dos livros e esse foi o primeiro que não consegui matar", revela.
Diomedes voltou a carga em outro álbum publicado pela Devir, no final de 2000: O Rei do Ponto. E voltará ao menos mais uma vez na conclusão da trilogia, que será ambientada em Portugal e por enquanto ainda não tem nome definido. Por sinal, o autor foi convidado de honra do XI Festival Internacional de Banda Desenhada (história em quadrinhos) de Portugal, onde O Rei do Ponto também está sendo lançado. pelo jeito, o traço sujo e o argumento limpo de Mutarelli ainda vào lhe render muitos prêmios.

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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