Djota Carvalho
Nos já distantes anos 80, uma propaganda de um xampu chamado Denorex popularizou o slogan “parece, mas não é”. O tal produto parecia remédio, mas não era. Parecia xampu, mas também não era… Kajika, personagem criado por Akira Toryiama em 1998 parece em muita coisa o Goku, personagem do mesmo autor da popularíssima série Dragon Ball (que chegou ao fim em 1995). Mas não é.
Kajika é o nome de um garoto que, assim como Goku, é excelente lutador e um dos últimos remanescentes de uma aldeia de poderosos guerreiros que sabem usar um pouco de magia também.
Só que o garoto foi expulso da tribo porque, depois de matar uma raposa cruelmente, foi amaldiçoado pelo bichinho e ganhou orelhas e rabo iguais ao do animal – o aspecto visual e a maldição fizeram com que não fosse muito querido pelo pessoal da localidade. Para voltar ao normal, ele precisa salvar mil vidas (vale tudo: gente, peixes, lagartixas…).
Toryiama começa a HQ no ponto em que Kajika já está quase terminando a tarefa: faltam só dez míseras vidinhas para salvar e ele voltará ao que era. O que é muito bom, porque a maldição da raposa – que o segue de perto na forma de um espírito muito parecido com um girino – enfraquece seus poderes de luta. Ainda assim ele é muito forte, para sorte de Haya, uma menina que carrega o último ovo de dragão do mundo (atenção: eu disse ovo, não esfera).
Kajika salva a garota de um bando de ladrões e (isso é uma coisa muito legal dos poderes dele) “tira a maldade” de dentro dos bandidos, que viram bonzinhos. Só que o chefe deles, o gangster esquisitão Gibachi, não vai desistir fácil do ovo. O vilão quer tomar o sangue do dragãozinho que vai nascer, pois assim se transformará em um ser invencível.
Quem já leu Dragon Ball vai matar saudade do desenho de Toriyama e irá reconhecer umas, digamos, “manias” do desenhista em Kajika. Alguns golpes do herói parecem muito os de Goku e há pelo menos uma cena que parece copiada pelo cartunista de sua outra série: quando Kojika diz que pode vencer uma luta com um braço só e leva um golpe de propósito só para avaliar o inimigo.
Além disso, depois de transformado (ou evoluído?), Gibachi lembra alguns vilões de Dragon Ball, bem como o assassino Isaza poderia trabalhar pro exército Red Ribbon facilmente. Mesmo com tudo isso, é fácil afirmar: Kajika é denorex mesmo: parece DBZ, mas não é: trata-se de uma obra única e muito divertida, com um final ao mesmo tempo engraçado e inesperado. A história toda foi lançada no Brasil em um oneshot pela Conrad, que custa R$ 14,90 e tem 200 páginas com a história completa (www.lojaconrad.com.br).
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