Joe Kubert, pai de Tor, Sargent Rock e o melhor do Gavião Negro

Mundo HQ


 

Ele foi um dos maiores quadrinistas de sua época e de outras também, além de ter tido pelo menos dois “filhos” que também se tornaram grandes nomes nos quadrinhos de Super-Herói. Joe Kubert, nascido em 18 de setembro de 1926 em Yzeran (Polônia), foi para o andar de cima no último dia 12 de agosto de 2012, aos 85 anos. Uma perda e tanto para a nona arte, ainda que trabalhos inéditos do autor ainda estejam engatilhados para serem publicados: em outubro a DC Comics lançará no mercado americano as seis edições da minissérie “Joe Kubert Presents”, com novas HQs de personagens que marcaram a carreira do falecido mestre. E ainda neste ano deve chegar ao Brasil a Graphic Novel  Before Watchmen: Nite Owl, um spin off da famosa série de Alan Moore que Joe desenhou com o filho Andy Kubert.

 

 

Curiosamente, o personagem favorito de Joe Kubert como criador não era um dos que o lhe trouxe mais renome e sim o quase desconhecido Tor (um herói pré-histórico que o próprio Kubert comparava a Tarzan, que também desenhou). O fato levou muitos sites do mundo inteiro – e do Brasil – a noticiarem equivocadamente a morte do criador de Thor, o Deus do Trovão, quando o passamento de Joe foi anunciado.

 

 

Joseph Kubert chegou aos Estados Unidos ainda bebê e começou bem cedo no mundo dos quadrinhos: começou a desenhar “a sério” com nove anos, incentivado pelos pais, e fez seu primeiro trabalho pago com apenas 11 anos e meio. “Foi algo chamado Volton. Recebi 5 dólares por página. Foi o primeiro trabalho que fiz e foi publicado”, costumava lembrar.

 

Aluno da High School of Music and Art, em Nova York, em 1939 entrou para o estúdio de Harry A. Chesler e já colaborava com revistas como Smash Comics, Police Comics e Speed comics – e já havia arte-finalizado o lápis de artistas como Jack Kirby. Algum tempo depois começou na DC Comics, ilustrando 50 páginas de Os Sete Soldados da Vitória.

 

Na DC veio o primeiro grande hit: o Gavião Negro (Hawkman). A primeira versão do personagem, Carter Hall, surgiu em 1940 pelas mãos de Dennis Neville e Kubert foi um dos desenhistas a assumir o título após as HQs iniciais  – ele foi, inclusive, o responsável pela remodelação da máscara do Gavião em 1947.

 

 

 

Hawkman parou de ser publicado em 1951 quando, por sinal, Kubert estava servindo o exército americano na Alemanha, mas o reencontro definitivo entre o autor e o personagem ainda estava por ocorrer. Sntes disso, em 1952 Kubert voltaria da Europa e tornaria-se editor da St. John Publications, onde criou Tor. Nessa fase, ele também ilustrou as aventuras de Super Mouse (Might Mouse) e as HQs de Os Três Patetas. Aliás, Super Mouse foi a primeira HQ em 3D lançada nos EUA (com aqueles famosos oculozinhos distribuídos junto com a história).

 

 

 

Em 1955, Kubert voltou para a DC e criou outro herói que ganharia sua versão definitiva em 1959: foi ele o desenhista de Sargent Rock, personagem elaborado por Robert Kanigher. Herói da segunda guerra, o sargento era pau para toda obra, um expert em praticamente qualquer tipo de veículo ou equipamento. Além disso, era exímio lutador e Kubert também fez o argumento de diversas histórias (os leitores, porém, em geral o preferiam mais no desenho, pois achavam que em quando eram de Kubert os argumentos, as HQs eram menos realistas, com um Rock tão invencível que beirava aos superpoderes.

 

 

 

 

Por sinal, Kubert foi homenageado por seus trabalhos com o sargento em um episódio de Os Simpsons (Raging Abe Simpson and his Grumbling Grandson in The Curse of The Flying Gellfish), no qual vovô Simpson lembra de seus tempos na guerra e é retratado no estilo do Sargento Rock de Kubert.

 

 

 

 

Em 1961, o cancelado Hawkman teve sua nova versão lançada, não mais como uma reencarnação de um faraó egípcio e sim como o alienígena thanagariano Katar Hol. A arte desta feita foi criada inteiramente por Joe Kubert – o argumento era de Gardner Fox. A nova versão fez imenso sucesso, a ponto de Kubert e  Fox serem apontados como “os mais notáveis” criadores do personagem.

 

 

 

 

Eles chegaram até mesmo a ser homenageados no seriado animado “Liga da Justiça Ilimitada” (2004-2006) em episódio no qual um arqueólogo descobre ser a reencarnação do thanagariano Katar Hol – o nome do arqueólogo é Joseph Gardner, ou seja, uma mistura dos prenomes da dupla de criação. 

 

 

 

 

Entre 1967 e 1976, Joe foi diretor de publicações da DC, supervisionando diversos títulos e lançando uma revista do Tarzan, em 1972. Quando saiu da editora em 1976, fundou a Joe Kubert School of Cartoon and Graphic Art, que rapidamente tornou-se uma referência nos EUA, revelando novos talentos.

 

 

Mesmo no período em que dirigia a escola, Kubert ainda produzia tiras como Big Ben Bolt (na qual eventualmente foi substituído por Gray Morrow), a clássica Terry e os Piratas (criada por Milton Caniff) e Rocky.

 

Em 1991, o autor voltou a publicar quadrinhos, fazendo a arte-final de uma HQ do Justiceiro desenhada pelo filho Andy Kubert. Também neste período, criou o personagem Abraham Stone para a Malibu Graphics. Em 1993, Joe lançou a graphic novel Fax from Sarajevo, que se originou a partir de faxes trocados com o agente do mercado de quadrinhos Ervin Rustemagić durante o cerco sérvio à cidade de Sarajevo.

 

 

 

 

Em 2001, ilustrou Imagine Batman de Stan Lee (nem sempre se pode acertar todas…) e dois anos depois produziu uma graphic novel inédita do Sargento Rock (Vetween Hell and a Hard Place), roteirizada por Brian Azzarello. No mesmo ano também produziu a arte de Tex Gigante.

 

A idade parecia apenas trazer mais refinamento ao trabalho de Joe Kubert, que não parava nunca. Entre 2003 e 2005, produziu duas graphic novels (Youssel: 19 de abril de 1943 e Jew Gangester). Além disso, começou a trabalhar como colaborador da PS Magazine. Nos últimos anos, vinha trabalhando nos projetos inéditos no Brasil, cotados no início deste texto.

 

 

 

Em toda sua longa carreira, Joe Kubert ganhou inúmeros prêmios, entre os quais como os Alley Award, National Cartoonist Society Award,Eisner Award e Harvey Award – além de integrar o Hall da Fama dos prêmios Eisner e Harvey.

 

Kubert foi casado com Muriel (que faleceu em 2008, vítima de câncer) e o casal teve cinco filhos. Dois deles, Andy e Adam, estudaram na escola do pai e são profissionais renomados da indústria de quadrinhos dos Estados Unidos.

 

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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