Djota Carvalho"Sou um menestrel
Que fala sempre rimado
Vivo a contar histórias
do presente e do passado
De todas as que me lembro,
Uma é muito interessante
E vou contar pra vocês:
O Encontro de Groo, o Errante
E Asterix, o Gaulês
Groo, como todos sabem, é um guerreiro muito forte
Encontrá-lo, quase sempre, é dar de cara com a morte
Apesar da perícia com a espada, que a todo tempo mostra Groo não sabe quase nada, seu q.i. é o de uma ostra
Causando encrenca por onde quer que esteja
Provocando desastres, guerra e peleja,
Muitas vidas tomou o errante
Por isso o povo o expulsou…para lugar distante.
Muito Groo caminhou…e alguns mares cruzou
(e navios afundou), até que a um destino chegou:
Um acampamento estranho, cheio de muitos soldados
Que na realidade era, por três outros rodeados
(isso o errante não sabia).
Os quatro acampamentos, juntos, a uma aldeia cercavam
Uma aldeia de rebeldes, que lutava contra César
(e sua tirania)
Afinal, toda a Gália havia sido tomada…
Toda? Não: a aldeia resistia….
"Hmmm. Groo tem fome. Tanta fome que poderia comer um pato. E um porco. E muito queijo derretido. É como diz o sábio: ‘sapo vazio não pára em pé’. Ou coisa parecida. Groo comeria o sapo também, de pé ou sentado… Não deveria ter deixado Rufferto com o Sábio quando resolvi viajar. Rufferto arranjaria comida, pois é um bom cão. E se não arrumasse, Groo poderia comer Rufferto… Não, não, isso é besteira. Groo ama Rufferto. Além disso, Groo já comeu Rufferto uma vez e não gostou… Talvez aquele soldado estranho vestido de verde com um escovão na cabeça possa ajudar Groo. Groo é bom com as espadas, é o melhor no que faz. Não falta emprego pra Groo e onde tem emprego tem ouro e onde tem ouro tem comida. Opa, parece que o soldado vai falar com Groo."
– Alto!!! Quo vadis? Quem sois? Diz teu nome e o que quereis.
– Eu sois Groo. Eu quereis emprego e comida.
– Ora veja, errante, pensa que é fácil assim entrar para o Exército Romano? É preciso ser um bom soldado para servir em nome de César!
– Groo é bom. Mas Groo não quer servir em nome de César. Groo prefere servir com o nome de Groo mesmo.
– Vejo que não me enganei. És mesmo um mentecapto. Vai-te embora!
– Mentecapto? Groo não é mentecapto! Groo odeia mentecaptos! Groo come mentecaptos no jantar! (O que é mentecapto?) Groo vai mostrar o que faz com quem chama Groo de mentecapto!!!
– Estamos sendo atacados!!! Que venha a mim a guarda! Que venha a (…argh!)
E assim, o pobre romano
Conheceu logo seu fim
De um modo desumano
Contra tal espadachim
Usando as duas espadas
Groo fatiou o coitado
E também os camaradas
Que atenderam seu chamado
Quanto mais romanos vinham,
Mais ficavam no chão
Só não morreram todos,
Porque interveio o centurião.
– Pare com isso, seu bárbaro!!! Você está matando todos os meus homens. Como se já não bastasse o estrago que os gauleses fazem!
– Eles provocaram Groo. Groo pediu emprego e foi chamado de mente… mente… ofenderam a honra de Groo! E ainda quiseram mudar o nome de Groo para César!!!! "Hmmmm. Trata-se obviamente de um guerreiro hábil e burro como uma estátua do Fórum. Talvez possamos usá-lo para derrotar os gauleses. César ficará contente e promoverá a mim, centurião Caius Velhacus, a prefeito das Gálias. Preciso agir rápido!"
– Calma, nobre guerreiro. Obviamente és inteligente e hábil com as espadas. Meus homens devem ter se enganado. Entrai e discutiremos em minha tenda um serviço que lhe trará dinheiro e fama à vossa altura.
– Groo aceita, mas prefere dinheiro um pouco mais alto que Groo, pois Groo não é muito alto. Alguns dizem que Groo é gordo, mas Groo não é gordo, é apenas pouco alto para suas carnes…
E assim, foram os dois
Para a cabana do centurião
Onde, logo depois
Groo comeu de montão.
Satisfeito o convidado,
Velhacus entrou em ação
Fez um plano elaborado P
ra seu novo campeão.
Muito simples, na verdade
Era a idéia do romano
Mas para que Groo entendesse
Levaria quase um ano…
– Groo, pare de chupar esses ossinhos de frango e preste atenção. Vou repetir pela última vez e é bom você fazer tudo direito pois agora é um soldado agindo em nome de César. Aqui perto, entre este acampamento e os de Babaorum, Petibonum e Aquarium, fica uma aldeia lotada de gauleses. Você vai agir como um agente infiltrado.
– Groo não pode ser filtrado. Groo é sólido, não é líquido. Se Groo fosse líquido, não seria um bom bárbaro porque derreteria e…
– Cale a boca, Groo, e preste atenção! Agente infiltrado é a mesma coisa que um espião, entendeu?
– Claro, Groo não é burro. Groo já foi espião antes. Groo adora espiar.
– Que seja. Você vai fingir ser um forasteiro – poderíamos colocar um bigode em você para que fingisse de gaulês, mas isso nunca dá muito certo, os malditos bigodes falsos sempre caem. Pois bem, você vai dizer que é um estrangeiro fugindo dos exércitos de César e precisa de abrigo. Vamos inventar um nome pra você.
– Posso ser o príncipe de Jacutinga? Eu já fui o príncipe de Jacutinga. Vovó Groo me ensinou e…
– Não, claro que não. Para o seu disfarce ser convincente precisamos pensar em um país onde haja bárbaros como você e que já tenham entrado em conflito com César… Já sei, vamos dizer que você é um germânico. Seu nome será Fritz.
– Fritas? Não, Groo não pode ser fritas. Groo prefere comer fritas em vez de ser fritas e…
– Ok, ok, esqueça. Seu nome será Hans.
– Ranço? Groo gosta de ranço. Carne rançosa é muito boa, principalmente a de pato. Se tiver penas, então, é mais gostosa ainda. E com um pouco de queijo derretido por cima… hmmm.
– Por Júpiter, bárbaro, você só pensa em comida e tem gostos estranhos! O nome é Hans e não ranço. Olha aqui: você pode se chamar Groo mesmo. Afinal de contas, há nomes germânicos mais desconhecidos e esse poderia ser um deles. Pois bem, você vai entrar na aldeia dos gauleses e sua missão é chegar perto do druida Panoramix e acabar com ele. Sem o druida, eles não poderão fazer mais a poção mágica e poderemos derrotá-los.
– O que é um druida?
– É uma espécie de feiticeiro.
– Groo não gosta de feiticeiros. Groo passou maus bocados nas mãos de Grativo, Arba e Dakarba. Feiticeiros fazem feitiços e feitiços são ruins porque a gente não pode matar.
– Os druidas não fazem feitiços, Groo, e sim poções. Basta não tomar nada que você não será transformado. Agora preste atenção: o druida vive protegido por dois guerreiros: o baixinho Asterix e o gordão Obelix. Tome cuidado, pois eles são perigosos e podem desconfiar de você. Você vai ter que ser cauteloso e fingir com perfeição. Quando perguntarem que é, diga: "Eu sou um germânico fugitivo, meu nome é Groo". Vamos lá, repita o que eu disse.
– Você é um germânico fugitivo e seu nome é Groo.
– Não, Groo, eu não. Você é um germânico fugitivo. Você diz: eu sou Groo.
– Está bem: você é Groo. Mas nesse caso quem sou eu?
– Por Júpiter, Dionísio e Plutão! Você é um idiota!
– Como assim, idiota? Groo não era César? Groo ouviu você dizer: você é um soldado em nome de César. É claro que depois você disse que era Groo e Groo não era mais Groo, que era César, e sim Groo. Daí você disse que Groo era um ranço frito fugitivo da gêrmania e….
– Por todos os deuses do Olimpo, pare!!! Ok, Groo, esqueça tudo e vamos começar do começo. Você vai entrar na aldeia fingindo que é um…? Responda: você é um?
– Não sei, você mandou esquecer.
E assim, por mais dois ou três dias
Prosseguiu na tenda a imensa gritaria
Mas, como era muito paciente como um urubu
O centurião conseguiu, por fim, ensinar Groo
Para que o disfarce do bárbaro parecesse verdadeiro
Uma tropa romana foi enviada atrás do "prisioneiro"
Mas, tentando tornar a farsa mais convincente
Caíram na besteira de xingar o demente
E assim, mal deixaram o portão,
Já estavam dez mortos, no chão.
Como não conseguiram explicar ao errante
Que o xingamento era brincadeira
Esqueceram do rompante
E deixaram o bárbaro entrar na floresta sozinho,
Rezando para ele não besteira.
Groo andou um pouco,
E sentindo cansaço e respirando o ar puro dali
Resolveu puxar um ronco
Mal sabendo que ao lado dois guerreiros caçavam javali.
– Puxa, Asterix, você acha mesmo que eu estou gordo? Comi apenas três javalis hoje cedo e Abracurcix, nosso chefe, disse que pareço uma baleia assassina.
– Na verdade, Obelix, meu amigo, Abracurcix só falou isso porque ficou irritado com o fato de que você derrubou um menir em cima da mulher dele, Naftalina, quando ela voltava do mercado.
– Mas Asterix, foi só um menirzinho pequeno. Até o Idéiafix consegue carregar um daqueles. Além disso, eu não sou gordo, só tenho o peito um pouco caído e…
– Espere, Obelix, escute esse ronco possante! Parece um grunhido de javali, só que muito mais alto. Deve ser um javali imenso!
– E pelos grunhidos deve estar agonizando! Pega, Idéiafix!!!
– Grrrrrrrrr…
– …(ZZZZZZ)…Rufferto, fique quieto….(Snort)… me deixe dormir…
– Veja Asterix, não é um javali, é apenas um mendigo gordo!
– Ããh? Mendigo? Quem chama Groo de mendigo? Groo vai usar suas espadas e ensinar uma lição a quem chama Groo de mendigo. Groo é o contrário de mendigo, Groo é um o – g – i – d – n … acho que perdi uma letra em algum lugar, Groo não é muito bom com letras e…Groo vai mostrar quem é mendigo!!!
Rápido como um raio,
Groo puxou suas espadas
Obelix nem se mexeu
Não houve tempo pra nada
Mas em vez de machucar,
As espadas pinicavam como gotas de sereno
Afinal, a pele de Obelix nada pode cortar
Pois ele caiu no caldeirão quando era pequeno…
– Asterix, esse mendigo maluco está me fazendo cócegas. E eu não posso nem bater nele porque ele mexe essas faquinhas tão depressa que não dá para enfiar minha mão no meio.
– Obelix, meu caro, estas faquinhas só não te fizeram em pedaços porque em você os efeitos da poção mágica são permanentes porque…
– Blá, blá, blá, eu cai no caldeirão quando era pequeno. Todo mundo sabe disso e agora você conta até mesmo pros mendigos…
– Acalme-se estranho, meu amigo Obelix não quis ofendê-lo. Ele apenas se enganou por causa do estado das suas roupas…
"Obelix? Groo acha que já ouviu esse nome antes… Groo precisa se concentrar em coisas importantes… Rufferto… Kopins… Pato… Queijo derretido… não adianta, Groo não se lembra…"
– Bem, estranho, perdoe Obelix. Vamos esquecer este assunto comendo um delicioso javali em nossa aldeia.
– Groo adora javalis! Groo vai esquecer o que o gordão falou em troca de javalis.
– GORDÃO? Quem é gordão? Eu sou apenas um bravo guerreiro ruivo de tranças e com o peito um pouco caído.
– Calma, Obelix, já deu para perceber que nosso novo amigo tem um bom coração, mas, assim como você, é meio devagar. Vamos esquecer as ofensas e nos concentrar em um bom javali assado!
E assim os novos amigos,
Seguiram para a aldeia
Graças à astúcia de Asterix
Evitaram briga feia
Groo nem se lembrava
Do plano do centurião
Nem pra isso se esforçava
Pois só pensava na refeição…
– Bem, Groo, chegamos. Esta é nossa aldeia. Não é muito grande, mas é um lugar muito bom para se viver e…
– Groo sente cheiro muito bom, de comida!
– Mas não é possível. O único cheiro aqui perto é o dos peixes do Ordenalfabetix e todo mundo sabe que os peixes dele são podres e…
– Ei, ei, os meu peixes são muito frescos e…
– Pois cheiram muito mal!
– Ah, é, gordão, então cheire um pouquinho mais de perto! Tome!
– Ei, Ordenalfabetix! Que idéia é essa de me jogar essa porcaria na cara? Não se pode nem mais forjar uma espada tranqüilamente? Vou te dar uma marretada pra você aprender e…
– Mas eu joguei no gordão e…
– GORDÃO?!! Eu vou mostrar pra vocês quem é gordão!!!
– Oba!!! Peleja e peixe!!! Groo adora este lugar!!!
– PAREM COM ISSO!!! Que tipo de impressão vamos dar a nosso hóspede? Obelix, temos que apresentar Groo ao chefe e a Panoramix. Ordenalfabetix, recolha seu peixe e pare a bagunça. E Automatix, pare de bater no Chatotorix que ele não tem nada a ver com isso! Venha Groo, vamos até a cabana de Abracurcix, nosso chefe.
Assim Groo seguiu seus amigos Asterix e Obelix
E em uma cabana entraram
Nela estavam Abracurcix e Panoramix,
Que ao visitante esperavam
– Saudações, meu bom homem, e bem-vindo à nossa aldeia. Eu sou Abracurcix, chefe dos homens mais bravos de toda a Gália, e este ao meu lado é Panoramix, nosso druida.
"Druida, druida… Groo já ouviu este nome antes… Groo precisa se lembrar… (pensa, pensa, pensa) Groo não se lembra e…"
– Ora ora, meu bom homem, não precisa ficar com esta cara pensativa. Está entre amigos. Asterix e Obelix nos contaram que é um guerreiro e que o encontraram dormindo na floresta. Deve estar cansado da viagem. Aliás, talvez eu possa preparar uma poção que alivie seu cansaço e…
"Poção!!! Agora Groo se lembrou. Groo precisa falar o que combinou com Velhacus. Velhacus confia em Groo. Velhacus vai pagar Groo em ouro. Groo precisa falar direito. Groo precisa ser ator, como quando era o príncipe de Jacutinga (vovó Groo ficaria orgulhosa se me visse agora). Bem, é melhor falar logo porque todos estão me olhando, vamos lá…":
– Eu sois Groo, mas podem me chamar de Ranço Frito. Eu sois um grande guerreiro que não veio aqui para espiar. Não senhor, Groo não veio espiar ninguém. Groo também não veio acabar com Panoramix, oh, não! Groo é apenas um fugitivo germananico que mudou seu nome pra César. É isso, Groo é César e não é um espião.
– !!!!!!!
– !!!!!!!!
– !!!!!!
"Há! Groo pode ver pelas caras deles que enganou a todos. Estão impressionados com a inteligência de Groo. Groo é demais"
– (susurrando) Asterix. Parece que nosso simplório amigo está sendo usado pelos romanos. Peça a Obelix que o distraia lá fora para que possamos conversar a sós
– Obelix, meu amigo, parece que Groo está faminto. Por que você não o leva para comer alguns javalis em sua casa?
– Como assim, "Groo"? Ele não acabou de dizer que o nome dele é César?
– OBELIX, meu bom amigo, não discuta, apenas faça, está bem?
– Blá, blá, blá, é sempre assim. Obelix isso, Obelix aquilo… Está bem, vamos Groo, César ou qualquer que seja o seu nome…
– Ããã, Asterix, antes de ir posso fazer uma pergunta?
– Claro, Groo.
– O que você quis dizer com ‘meio devagar’?
E assim Obelix e Groo saíram
E foram comer até se empaturrar
Enquanto chefe, druída e guerreiro discutiam
Sobre o que o burrão acabara de revelar
– Bem, ao que parece os romanos resolveram usar este homem para matar Panoramix e nos atacar. Por sorte ele é burro como um menir.
– Mas apesar disso é um guerreiro hábil, Panoramix, nosso chefe. Se quando nos encontramos tivesse usado suas espadas contra mim em vez de Obelix, que é praticamente invulnerável por causa da poção, eu não estaria aqui para contar história. No entanto, parece-me ser um sujeito de bom coração e extremamente manipulável. Não creio que queira realmente o nosso mal…
– Tem razão, Asterix, mas isso não o faz menos perigoso. Na verdade, torna-o imprevisível e, portanto, um perigo ainda maior. Lembro-me de histórias que um colega de um país muito distante, que era conhecido como Sábio, me contou sobre um guerreiro assim, descerebrado, que andava por seu país. Por sinal, me parece que o nome do tal guerreiro era mesmo Groo… não, não, isso seria impossível! Se fosse aquele Groo já estaríamos mortos…
– Bem, o fato é que Panoramix está certo e precisamos fazer alguma coisa a respeito. Asterix, alguma idéia?
– Acredito que o druida é correto ao afirmar que Groo é simplório e de bom coração, chefe. É como uma criança, como… Obelix! Talvez se conversássemos com ele, assim como fazemos com nosso próprio Obelix, conseguíssemos dissuadi-lo de trabalhar para os romanos e… esperem, que barulho é esse?
O som que os três ouviram
Era mesmo de amargar
Parecia um mamute agonizante,
Ou talvez fosse Chatotorix, a cantar.
Mas ao prestar atenção
Melhor entenderam o som
Não se tratava de animal
Nem sequer de uma canção
Eram berros de voz chorosa
E, na verdade, bem pastosa…
As vozes eram conhecidas,
bradavam em tom bucólico
Uma amizade descabida
Influenciada por alto teor alcoólico…
– Buáááá! Obelix, me perdoe, você é meu amigo!!!
– Ohhhh!, Groo, beu abigo, eu te perdôo, mas você me perdoa também? Eu te chamei de mendigo e…
– Groo não liga. Groo sabe que não é mendigo. Groo é o contrário de mendigo, é um desmendigo… e Groo gosta dos gauleses e não pode matar seu druida. Buáááá! Velhacus vai ficar bravo com Groo e Groo não vai ganhar ouro!
– Ei, ei! Calma vocês dois! Obelix, o que diabos vocês andaram bebendo?
– Asderix, bocê está brigando comigo, não é mais meu abigo?
– Ei, Groo não gosta de quem não gosta de Obelix. Se Asterix odeia Obelix, então Groo vai fazer o que faz melhor e o que Groo faz melhor é… o quê mesmo? Deixa pra lá, Groo vai fatiar Asterix!!
– Calma, calma, Groo! Eu gosto de Obelix. E você, seu tonto, me diga o que andou bebendo.
– Bem, Asterix, Groo queria experimentar a cozinha gaulesa, então eu peguei aquelas ânforas de vinho de Durocortorum (Reins), que sobraram da nossa Volta pela Gália, e nós…
– Por Tutatis!!! Aquele vinho é o melhor e também o mais forte de toda Gália!!! Quantos copos vocês tomaram?
– Copos? Bem, deixa ver…três ânforas divididas por copos deve dar…
– Três ânforas!!! Não é à toa que estão assim!!!
– Por outro lado, Panoramix, parece que resolvemos nosso problema em relação a Groo e os romanos. Agora Groo não está mais do lado deles e…
– Romanos!!! Romanos são maus!!! Romanos querem matar amigos de Groo!!! Mas Groo vai mostrar pra eles!!!
– Isso besmo, Groo, vamos mostrar pra eles!!!
– Esperem vocês dois, vocês não estão em condições de…
Asterix, astuto e bravo,
Tentou evitar a confusão
Mas a força dos dois ébrios,
Era dose pra leão
(E o guerreiro baixinho não havia tomado a poção)
E assim Obelix e Groo,
Ao amigo atropelaram
E como paquidermes em disparada,
pelo portão da vila passaram
Em direção aos acampamentos romanos
(que nada disso esperavam)
A batalha que se seguiu
É impossível de esquecer
A fúria dos dois guerreiros
Era algo difícil de crer
De um lado a força bruta de Obelix,
incomparável e inconseqüente
Do outro as espadas de Groo,
cortando tudo pela frente
Dos quatro acampamentos romanos,
Nenhum em pé sobrou
Até mesmo quem nunca ouvira falar em Velhacus
Surra homérica tomou
Pela lâmina da espada
Ou pelos socos do gordão
Não sobrou nem paliçada
Tudo foi parar no chão
Os poucos que sobreviveram
Resolveram ficar caladões
E nada a César comunicaram
Pois não queriam virar comida dos leões
E Velhacus, caído num canto
Surrado para chuchu
Resolveu que era melhor ficar com seus gauleses
Que voltar a ouvir o nome de Groo…
Nossos amigos, depois da batalha
(e da ressaca que se seguiu)
Fizeram um banquete noturno para Groo
(igual a aquele nunca mais se viu)
Groo aos gauleses, lealdade e amor jurou
Mas tinha de prosseguir seu caminho, com tristeza revelou
Obelix, emocionado, pelo grande amigo chorou
(Enquanto Asterix, disfarçadamente, de alívio suspirou…)
E no dia seguinte, quando o dia raiou…
– Bem, Asterix, parece que essa aventura chegou ao fim, mas confesso que ficarei bem mais tranqüilo quando Groo estiver bem longe de nossa aldeia. Ele tem bom coração, mas o dele somado ao de Obelix causaram a maior destruição que a história de Roma jamais registrará… Além disso, Idéiafix parece estar com ciúmes da amizade dos dois… – Grrrrrrrr…
– Calma, Idéiafix. E você também pode ficar tranqüilo, Panoramix. Como você deve se lembrar, hoje pela manhã eu passei pela sua cabana, enquanto Obelix e Groo ainda roncavam...
– Por sinal, roncaram tanto que até Chatotorix abandonou a vila afirmando que aquilo sim era um som insuportável…
– … e peguei um pouco de poção mágica. Tomei a poção e fui tomar um banho de mar, no qual por pura coincidência acabei encontrando nossos amigos piratas e eles disseram que ficariam muito felizes em levar Groo para bem longe pelo mar, desde que eu prometesse que não afundaria o barco deles…
– (risos) Asterix, você nunca se cansa de me surpreender…
– Bem, eu faço o que posso, druida. Veja lá vêm vindo Obelix e Groo. Vamos nos unir a eles e seguir para a praia.
– Bom-dia, Asterix, Panoramix e Idéiafix. Estava contando a Groo sobre o barco que você arranjou para ele, Asterix, e ele quer embarcar agora.
– Então caminhemos para a praia enquanto conversamos. Groo, você já andou de barco?
– Sim, Groo adora andar de barco. Mas, Groo não sabe porquê, parece que os donos de barco não gostam muito de Groo…
– Ora, deixe disso. Veja, lá vem vindo o capitão do barco que vai lhe levar e ele parece bem feliz…
"Hê, hê, hê, nem acredito que encontramos com os gauleses e vamos seguir com o barco inteiro. Além disso, depois que estivermos longe, poderemos jogar esse bárbaro estúpido no mar ou vendê-lo como escravo para algum navio mercante. Os gauleses nunca saberão mesmo…" – Bem, rapaz, vamos lá. E você, gaulês, mantenha a sua palavra e fique longe do meu navio.
– Ora, capitão, eu nem pensaria em…
– Tá bem, tá bem, vamos lá, rapaz!!!
– Adeus, Groo.
– Adeus Asterix. Adeus Panoramix. Adeus, cão. E adeus, meu amigo Obelix. Groo nunca vai se esquecer de você. Groo daria algo para que você se lembrasse de Groo, mas Groo só tem sua roupa e suas espadas…
– Não se preocupe, Groo, tenho certeza que Obelix nunca vai esquecer de você. Nem os romanos, por sinal…
Groo no navio embarcou
E este logo zarpou
Na praia, o trio gaulês assistia,
O navio que rapidamente partia
O barco já estava quase no horizonte
Quando Obelix teve um rompante
– Ei, eu poderia ter dado uma lembrança a Groo. Um menir!!! É isso mesmo, acho que ainda posso lançar um daqui e alcançar o barco. Lá vai!!!
– Obelix, nãããããoooo!!!!!!!
O menir se projetou no céu
E levou o barco para o beleléu
Groo apareceu no horizonte boiando,
O menir na barriga levando,
em meio a piratas xingando…
E foi assim que terminou
A aventura de Groo e Asterix
A exceção de romanos e piratas
Foi um final bem feliz
Entre os gauleses e o guerreiro
Surgiu uma bela amizade
Que duraria para sempre
Um sentimento de verdade
O errante continuou sua odisséia de verão
Indo longe para chuchú
E entre os marinheiros gauleses se espalhou uma importante lição:
NUNCA DÊ CARONA A GROO!!!"
Em setembro: Groo encontra Conan e Red Sonja
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