Djota Carvalho
É Anime!!! DuViDa?
por Takanobu Sama *
Se você mora no Brasil, com certeza já deve ter ouvido (ou até mesmo feito, dependendo da sua idade) a pergunta que já se tornou clássica: "Afinal, o que as crianças e adolescentes brasileiros vêem nos desenhos japoneses?". Ou ainda variações como "Só mesmo brasileiro para engolir esse lixo de má-qualidade! Com tantos desenhos bons, como os da Disney, como é que as TVs exibem isso e as pessoas assistem ISSO?".
Bem, longe de mim tentar fazer teorias a respeito dos porquês (que com certeza passam pelo fato dos animes serem mais baratos de comprar, pelo lado das TVs…), mas da próxima vez que você ouvir ou ver os animes, é bom saber de pelo menos duas coisas sobre este fenômeno: ele não é exclusivo do Brasil e não é NADA novo. E mais: deve crescer bastante, porque os estadunidenses (aqueles que se autodenominam "americanos", como se os Estados Unidos fossem o único país do continente) estão cada vez mais apaixonados por Anime e a Walt Disney Co., que não é nada boba, começa a investir neste mercado.
Um dos lançamentos mais recentes nos Estados Unidos, por exemplo, é Princess Mononoke, um desenho animado japonês clássico criado por Hayao Miyazakis, que mostra a relação entre o homem e a natureza em uma história que envolve deuses javalis, feitiços e uma quantidade razoável de violência. Recomendado para maiores de 13 anos, o desenho está sendo distribuído pela… Miramax/Disney!!!
E não é só isso: nos Estados Unidos há lançamentos de pelo menos dois animes por dia em vídeo (VHS), material amplamente vendido tanto via Internet como em lojas especializadas – a loja Virgin Records, de Nova York, por exemplo, tem uma seção de vídeos exclusiva para Animes. A Disney, porém, está indo mais longe e dando tratamento de luxo à princesa Mononoke: o episódio está saindo em DVD (150 minutos, US$ 33,00) e, se o problema era qualidade, a competentíssima empresa do criador de Mickey Mouse o eliminou, pois a fita foi remasterizada ganhando cores vivas e som de primeira, entre outros efeitos técnicos que a deixaram muito melhor do que já era.
Tá, mas o gosto por Anime é típico do final dos anos 90, não?
Definitivamente não. As produções japonesas (tanto os desenhos animados quanto aquelas que têm bonequinhos e robozinhos) estão na TV há muuuuuuuuito tempo. Quer ver só? Pergunte ao seu pai ou ao seu avô sobre o National Kid. Rocket Boy. Godzilla. Ultraman. Ultraseven. Fantomas. Speed Racer. A Princesa e o Cavaleiro. Pinóquio (o seriado que era exibido pelo Sílvio Santos e deixava todo mundo em depressão, não o desenho da Disney..). Se eles assistiam Tv, com certeza se lembrarão destes. E tem (tinha) muitos mais.
É lógico que a febre aumentou com Cavaleiros do Zodíaco, Power Rangers e agora Poké, Digi e Monster Rancher. Só que aumentou demais porque o acesso à televisão e o alcance dela também aumentou pra burro, né? De resto, continua a mesma coisa.
Então a próxima vez que alguém falar da qualidade dos desenhos japoneses que "invadiram" a televisão no final do século, você pode lembrar o indivíduo que isso não vem de agora. Conte pra ele que, se você hoje sabe decor o nome dos sei-lá-quantos Pokémon, o seu irmão mais velho sabia os golpes dos Cavaleiros do Zodíaco e assistiu Akira, o seu pai canta a musiquinha do Speed Racer e fala que o inimigo do Fantomas é o "Zeeeeero", seu tio era apaixonado pela princesa Safire e sua tia pelo príncipe Franz. E o seu vô até hoje canta "Naxionarô Kidô…"
Saionara!
* Taka Sama tentou esconder sua identidade secreta, mas não conseguiu: ele é o duque Duralumínio, da série A Princesa e o Cavaleiro
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