Universo Absoluto: versões paralelas dos heróis da DC chegam ao Brasil neste ano

Uma Mulher Maravilha tatuada e que veio do inferno, um Batman bombado e que sua a camisa pra ganhar salário em Gotham City, um Superman cabeludo que nunca foi adotado por pais terráqueos e luta contra grandes corporações que exploram as pessoas e os recursos naturais.  Esses são os três principais super-heróis da DC Comics para o Universo Absoluto (Absolute Universe ou AU, como também é chamado), que estreou nos Estados Unidos em outubro passado e deve chegar ao Brasil ainda neste ano de 2025 pela Panini, apesar de a data ainda não estar confirmada.

O selo, também chamado de Absolute DC (DC Absoluto) “reinventa” as origens e visuais  dos principais heróis em um universo separado da continuidade dos títulos “normais”, mas que até pode vir a se misturar com a cronologia tradicional no futuro. Não à toa é chamado jocosamente por alguns como “o Universo Ultimate da DC”, em referência ao projeto da Marvel que já fez exatamente isso no ano 2000. Vale lembrar que foi no universo Ultimate – lançado inicialmente no Brasil com o nome de “Marvel Millenium” – que surgiu, por exemplo, o Homem Aranha Miles Morales. E diversas (boas) ideias daquele universo paralelo também acabaram incorporadas no “universo canônico” das revistas Marvel posteriormente.

No caso da DC, o Universo Absoluto teria sido criado, dentro das histórias, pelo vilão quase-onipotente Darkseid, em uma espécie de experimento cósmico. Fora delas, a razão para o projeto ter sido criado é bem mais objetiva: conquistar novos leitores, atualizar e testar conceitos, vender gibis. Um objetivo que, aparentemente, foi conquistado. Com o perdão do trocadilho, pelo menos nas terras de Tio Sam  a linha em si foi sucesso absoluto, ficando entre os mais vendidos de 2024 –  para se ter uma ideia, apenas Absolute Batman número 1, sozinho, bateu 400 mil exemplares vendidos.

 

Maravilha Absoluta

Mais violenta e tendo como montaria um pégaso morto-vivo, a Absolute Wonder Woman não foi criada na “Ilha Paraíso” e sim no Hades, o inferno dos gregos. Diana, agora, não é mais “princesa de Themyscira” e, sim, a princesa do mundo inferior.

Além das mudanças visuais – que incluem tatoos e uma espada pra anime nenhum botar defeito – esta Mulher Maravilha não é mais “apenas” uma guerreira implacável. Agora ela também é uma feiticeira, e das boas.

Outra mudança relevante é que, no AU, ela foi a primeira super-heroína a surgir e aparecer publicamente. A dupla Kelly Thompson (roteiros) e Hayden Sherman (arte) também mudou uma das principais armas da personagem.  A heroína não tem mais o famoso “laço da verdade” e sim um “laço nêmesis.” Criado pela mitológica feiticeira Circe, o laço foi feito de restos mortais do último  basilisco, banhado no sangue de Prometeu e abençoado pela deusa da colheita, Deméter.

O laço funciona como um instrumento de justiça e vingança (afinal, leva o nome da deusa de ambos esses conceitos, Nêmesis) e queima as pessoas amarradas por ele, causando uma “dor equivalente aos pecados” cometidos por quem quer que esteja amarrado nele.

 

Batbombado

As mudanças do Batman do Universo Absoluto vão além do físico maciço – aliás, bota físico nisso: segundo os autores Scott Snyder (roteiro) e Nick Dragotta  (arte), esse Bruce Wayne é um viciado em fisicultura, tem dois metros de altura e pesa em torno de 115 quilos.

Por sinal, o alterego do Homem Morcego no AU não é um bilionário e sim um engenheiro de Gotham City. Por sinal (sem spoilers), vai ser curioso ver como o moço consegue alinhar as agendas de trabalhador e super-herói, e ainda justificar eventuais machucados decorrentes de lutas com vilões e quedas.

A princípio ele age sozinho, ou quase. Em vez do mordomo Alfred Pennyworth há um amigo mais velho chamado Penny, que aparentemente banca os projetos de equipamentos de Wayne.

Assim como a Mulher Maravilha Absoluta,  uma grande novidade aparece no armamento do herói, mais especificamente na capa. Com tecnologia criada por ele mesmo, a vestimenta tem grande elasticidade e rigidez mutável, o que permite que ele use a capa como uma espécie de chicote para acertar os bandidos, para escalar prédios e se pendurar em estruturas (tipo um….morcego?), e até mesmo para se impulsionar ou aumentar a própria altura, como se fossem pernas-de-pau.

Pra terminar, a princípio nada de Robin(s). A única companhia divulgada até agora é um pet, mais especificamente um buldogue francês, que por enquanto não teve nome divulgado.

Superpolêmico

O Superman do universo Absolute da DC é, talvez, uma das recriações “mais polêmicas”. O visual cabeludo deixou muita gente com a pulga atrás da orelha, lembrando do “super mullets” dos anos de 1990, quando o herói voltou da morte cabeludão.

Esse Superman não tem alterego Clark Kent, cresceu e cresceu Kal-El mesmo, sem identidade secreta, sozinho e sem pais adotivos. Por isso mesmo ele é “mais selvagem”, já que cresceu sem a orientação e o amor de Martha e Jonathan Kent.

Ao menos no início da história, ele tem poderes menos refinados, que está descobrindo,  e uma “armadura”  que gera o mineral sunstone (inclusive na forma da capa do herói) e bloqueia transmissões e captação da imagem dele por câmeras.

Um detalhe que chama a atenção é  que história começa em uma mina de diamantes no Brasil, comandada pela empresa Lazarus Corp, alvo do herói por explorar abusivamente trabalhadores e recursos no mundo inteiro. E é aí que o roteirista Jason Aaron pisou na bola (ou aderiu ao método de não-pesquisa do diretor de Emília Perez): neste Brasil neva e a galera adora comer javali com bananas grelhadas!

E Lois Lane? Ah, sim, ela está lá, com cabelinhos curtos e trabalhando para uma força de repressão que quer prender o Super. Porém, por enquanto nem sinal de Lex Luthor… Em tempo, além de Aaron, completa o time do Superman Absoluto o desenhista  Rafa Sandoval.

Outros absolutos

Neste ano de 2025 pelo menos outros três heróis também ganham versão no Universo Absoluto (nos EUA, já que, é bom lembrar, no Brasil a Panini não tem data ainda para lançar o AU). Em Ajax, o Marciano (Martian Manhunter) a premissa do personagem muda bastante a ideia do personagem original.

Em vez de um marciano que consegue mudar de forma para se parecer terrestre e assume o nome de John Jones, no Absolute DC são dois personagens diferentes. Jones é um agente do FBI que se vê dominado por uma força consciente alienígena chamada de “Marciano”.

Essa “consciência externa” não só domina o corpo do agente quando quer como o enlouquece pouco a pouco e o arrasta para uma batalha intergaláctica. A dupla Denis Camp (roteiros) e Javier Rodríguez (arte) definiu a publicação como “um quadrinho de terror psicológico”

Já em Absolute Flash, a dupla Jeff Lemire (roteiro) e Nick Robles (arte) traz Wally West na pele do velocista escarlate. Nesta versão, porém, Wally descobre os poderes de Flash diretamente – neste universo ele não teve nenhum antecessor ou mentor.

Portanto, nada de Barry Allen (o Flash que antecedeu Wally no  universo tradicional e de quem ele foi assistente como Kid Flash antes de assumir a “titularidade”), Joel Ciclone nem outro herói similar.  E nada de “Força de Aceleração” (Speed Force) idem.

Os vilões da famosa galeria do Flash, porém, estão por ali. Se o jovem Wally ainda está tentando entender os poderes, Capitão Frio. Patinadora Dourada, Capitão Bumerangue e Trapaceiro já sabem muito bem o que fazer com os deles. E nãoé coisa boa…

Por fim, o Lanterna Verde também ganhou versão absoluta. Capitaneada por Al Ewing (roteiros) e Jahnoy Lindsay (desenhos), a série também aposta na linha  “terror cósmico” e começa com um objeto gigantesco no formato do símbolo tradicional do Lanterna Verde caindo do espaço sobre uma cidade.

Para desespero dos fãs do personagens “raiz” que usaram o anel, a personagem principal da HQ será Sojourner “Jo” Mullein, que apareceu como Lanterna pela primeira vez no universo canônico em 2019. Mas a protagonista não estará sozinha. Também farão parte da HQ, com direito a brilho (esverdeado), outros Lanternas Verde mais conhecidos, como Hal Jordan, John Stewart e Guy Gardner.

 

NOTA DO CRÍTICO: Esse é bom

Djota Carvalho

Dario Djota Carvalho é jornalista formado na PUC-Campinas, mestre em Educação pela Unicamp, cartunista e apaixonado por quadrinhos. É autor de livros como A educação está no gibi (Papirus Editora) e apresentador do programa MundoHQTV, na Educa TV Campinas. Também atuou uma década como responsável pelo conteúdo da TV Câmara Campinas e é criador do site www.mundohq.com.br

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